quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Let the music take your mind...

Enquanto o post sobre "Abraços Partidos" não fica pronto, coloco aqui dois vídeos de trechos do filme "Duets", que foi lançado no Brasil em 2001 como "Vem Cantar Comigo", com Gwyneth Paltrow. Ela interpreta Liv, uma garota que sai de Las Vegas e vai para Nebrasca participar de um concurso de karaokê e concorrer ao prêmio de US$ 5 mil. O filme é dirigido pelo pai de Gwyneth, Bruce Paltrow.

Ela canta Cruin' ao lado de Huey Lewis, que faz o papel do seu pai no filme. Outra música que ficou legal na voz dela é "Bette Davis Eyes", que chegou a ficar em primeiro lugar na Billboard australiana.

O filme é meio fraquinho, mas a trilha sonora é bem interessante. Cinema pipoca...

Trilha sonora:

1. Feeling Alright
2. Bette Davis Eyes
3. Cruisin
4. Just My Imagination
5. Try A Little Tenderness
6. Hello It s Me
7. I Can t Make You Love Me
8. Sweet Dreams
9. Lonely Teardrops
10. Copacabana
11. Free Bird
12. Beginnings/Endings



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O fundo do mar

Que vontade é essa que me corroi por dentro?
Uma saudade de não sei o quê que ainda não conheço.
Uma lembrança vaga de infância à beira mar com primos a andar pela areia fofa.
As ondas altas que metiam medo e a companhia de irmãos e tios que me davam mãos e segurança para que fosse cada vez mais fundo.

Que lembrança é essa que me acompanha algumas manhãs?
Que de tão vaga chega a se esconder em algum lugar da memória que não consigo decifrar.
Que se confunde com a luz do sol a entrar pela greta da janela
E faz contornos na sombra do quarto que lembram algum dia que ficou lá atrás.

Que saudade é essa que não tem porque e nem hora marcada para sentir?
De um amor ainda não vivido mas com ares de vários amores já experenciados.
De alguém que não tem rosto definido, mas vários rostos e personalidades indefinidas.
Um cheiro forte de perfume amadeirado misturado às flores da saia comprida.

Que vontade é essa que me corroi as entranhas?
De viver uma vida que não é a minha, mas que poderia ser.
Com versos escritos aleatoriamente nas páginas de um livro qualquer.
Que rimam ao sabor do vento e fazem chorar.

As altas ondas confundem-se com a luz que entra pela janela
E faz contornos na sombra do quarto.
Vejo no cantinho da memória o rosto de alguém que não conheço.
Mas tem os traços dos rostos de irmãos e primos que me seguravam pelas mãos.

E, o fundo do mar está cada vez mais fundo.

Juliana Parlato

domingo, 27 de dezembro de 2009

Filmes e livros

Apesar da correria de fim de ano, encontrei tempo de ir ao cinema e colocar a leitura em dia. Daqui a pouco saio de férias e já estou em um ritmo mais tranquilo. Parece que o cérebro, ao perceber que um período de descanso se aproxima, dá o imput para o corpo relaxar, curtir e usufruir coisas simples. Assisti "Abraços Partidos", do Almodóvar, e adorei. Em se tratando de Almodóvar isso é lugar comum. Mas, não falarei desse filme agora, pois ainda não conclui o seu texto.
Outro filme interessante foi "Sempre ao Seu Lado", com o ator Richard Gere. Não me lembro agora o nome do diretor do filme, mas é uma história muito tocante sobre a fidelidade de um cão da raça Akita ao seu dono, intrepretado por Gere. A idéia era assistir "Julie & Julia", com Meryl Streep e Amy Adams, mas a sessão já estava lotada e optei por aguardar um pouco para assistir o filme sobre o cão Hachiko. Enquanto isso, folhei algumas páginas do livro "Jogo da Amarelinha", de Julio Cortazar, na Livraria Cultura ao lado da sala de cinema. Aliás, um amigo já havia falado muito bem sobre esse livro há alguns anos, mas essa foi a primeira vez que peguei um exemplar nas mãos e fiquei tão entretida que quase perdi a sessão de cinema.
O mais interessante de "Jogo da Amarelinha" é que a história pode ser lida linearmente, do capítulo 1 ao 73, se não me engano, e depois lida de maneira salteada. Ou seja, o leitor continua lendo o capítulo 74 e ao fim deste, volta ao capítulo 1 e, depois, lê o cápítulo 75 e volta ao 2 e assim por diante. Achei muito interessante os primeiros capítulos do livro e achei ótima essa idéia de uma leitura descontinuada, fazendo com que o leitor ao voltar para os primeiros capítulos tenha uma nova impressão sobre o que leu. Fiquei tentada a comprar o livro, mas prometi para mim mesma que só compraria livros novos quando acabasse de ler  "Cultura de Convergência", de Henry Jenkins, já citado nesse blog, e "O Velho e o Mar", de Ernest Hemingway. O primeiro ganhei de amigo secreto e o segundo ganhei de Natal. Portanto, Julio Cortazar ficará para daqui algumas semanas.
Mas, voltando aos filmes. "Julie & Julia" fica em cartaz até meados da primeira semana de janeiro; portanto, tenho que correr para assisti-lo. E, "Sempre ao Seu Lado” mostra um Richard Gere muito simpático e que investir em histórias cotidianas não é algo que pode ser esquecido pelo cinema. Em uma época de filmes cheios de efeitos especiais em que o passado e o futuro tomam conta das narrativas, "Sempre ao Seu Lado" mostra o cotidiano de pessoas comuns e por isso mesmo cativa o telespectador.
Almodovar, por sua vez, investe na metalinguagem e na sua paixão pelo cinema e por Penélope Cruz para retratar a vida de um cineasta que fica cego por motivos que vamos descobrir com o decorrer da história. Aliás, o filme é uma declaração de amor à Penélope.
Fica aqui, então, algumas dicas de filmes e livros para você rechear esse finzinho de ano com um pouco de entretenimento.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um Natal em duas épocas


Um texto maravilhoso do meu amigo Wellington Mariano.





Um Natal em duas épocas


Na época em que Jesus nasceu, embora o nascimento dele estivesse repleto de passagens e profecias bíblicas dizendo que ele haveria de nascer e onde haveria de nascer, quando ele nasceu foram poucos que presenciaram esse maravilhoso nascimento. Os líderes e sábios (judeus) da época, indagados por Herodes, disseram que Jesus nasceria em Belém, mas quando ouviram rumores do nascimento de Jesus, não tiveram coragem de ir até lá ou ao menos enviar alguém para ter certeza de que se tratava do nascimento de Jesus, e por isso, perderam o nascimento.
Herodes, prefeito da província de Judá, por não ser judeu, ao saber que Jesus iria nascer, e que ele era o rei dos judeus, temeu por sua posição, e não só perdeu o nascimento de Jesus como também tentou matá-lo.
Maria, ao sentir as dores de parto, estava longe de casa e, por não haver espaço na estalagem para Maria e José, tiveram o filho em outro lugar; certamente a estalagem possuía um dono, mas ele, talvez por estar ocupado ou preocupado com outras coisas, perdeu o nascimento de Jesus.
Jesus foi circuncidado, e a grande maioria das pessoas presentes na cerimônia não o reconheceu como Cristo. Ele foi apresentado no templo, e grande maioria das pessoas não o reconheceu. Jesus foi ao templo anualmente, e a grande maioria das pessoas não o reconheceu.
Hoje, inúmeros símbolos e idéias se emaranharam de tal maneira que o verdadeiro significado do Natal é obscurecido. Você pode perguntar a crianças, adolescentes e até adultos acerca do Natal, e com certeza se lembrarão de ceia com a família, Papai-Noel, luzes, enfeites, decoração, compras, presentes, meias penduradas na lareira, mas poucos, pouquíssimos se lembram que o Natal é única e exclusivamente a celebração do nascimento de Cristo; estes, também, aproximadamente dois mil anos depois do nascimento de Cristo, não são diferentes dos contemporâneos de Jesus, eles perdem o seu nascimento.
Lembram do Papai Noel, mas não do Pai do céu. Lembram dos presentes, mas não que Jesus é o maior presente enviado à humanidade. Colocam luzes em suas casas, mas não a luz de Cristo em seus corações...
Que todos possam comemorar e não se deixar levar pelo secundário e aparente, mas sim celebrar a cerne, o que é para ser celebrado: o nascimento de Jesus.


“Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas” Romanos 11.36


Feliz Natal a todos!!!


Parte extraída de meu sermão apresentado domingo passado - Wellington Mariano.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tra te e il mare

Approfitto l'onda italiana in questo blog e posto un video di Laura Pausini cantando "Tra Te e Il Mare" con Biagio Antonacci. E dopo un'altro, "Come Se non Fosse Stato Mai Amore". È dal vivo. Non credo che sia playback...



segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tra il dire e il fare c'è di mezzo il mare


Giù posto un scritto che ho fatto quando studiavo nell'Istituto Italiano di Cultura di Sao Paolo. Credo che passo per un periodo di malinconia che mi fa ricordare di cose che hanno passato da alcuni tempi fa. Come la professoressa Grazi dicendo: "bisogna studiare ragazza!" e la professoressa  Giusi racontando suoi ricordi su la Seconda Guerra e come Lei ha venuto al Brasile.
È un testo semplici, che ho fatto perchè la lezione era su proverbi italiani. Adesso, credo, farebbe in testo meglio e più leggero, con un pó di stilo linguistico. Ma, chi posto un testo che me ha fatto ricordare giorni di molto lavoro e molta volontà di crescere. E, alla fine, vedo che adesso faccio, o ho fatto, molte cose che mi sono propose in quei giorni. E, cosi rido un pó.

Foto: Praia do Amor - Pipa (Natal - RN) - Juliana Parlato

Composizione: Tra il dire e il fare....

Tutte le fine danno é lo stesso: pensiamo di fare quelle cose che non abbiamo potuto fare nell'anno precedente e facciamo progetti di essere più dinamici e fortunati nell’anno che comincia. Ma, tra il dire e fare c’è di mezzo il mare. È come i candidati politici che promettono il mondo alla popolazione ma, doppo le elezioni, non vediamo fatto neanche il 10 per cento di quello che hanno promesso.
Ma, noi non siamo politici e non abiamo la necessità di mostrare a tutti i progetti che abiamo finito e quelli che non sonno usciti della carta. Ma, abiamo una persona che, in generale, è il ricevitore delle nostri azione: noi estessi.
Quando, all'inizio dell’anno, diciamo a qualcuno che vorremmo fare la ginnàstica tutti i giorni e che vorremmo camminare nel parco che c’è di fronte alla nostra casa, chi ci deve incentivare? Noi stessi. Perché, è comune dire che faremo un paio di cose diverse e, alla fine, non ne facciamo la decima parte.
Ma, pur essendo il nostro proprio incitatore non è un compito semplice. È una cosa che dobbiamo imparare. E questo si fà usando tecniche di pensare sempre positivamente e avere frasi semplici che incitano a fare i nostri progetti.
Un esempio: prima di dormire, mediti su qualcosa che vorresti essere o fare. Mentre pensi, visualizza che questa cosa è reale. Concentrati in una immagine che ti fa' piacere. Questa è una specie di meditazione con fuoco. Per questo, abbiamo la necessità di comporre una frase meditativa, come: “Sono forte e raggiungo tutto quello che voglio. Dio è con me e, cosi, niente di male mi può succedere.”
Dicono i profissionisti di autoaiuto che, con frasi simili, facciamo sí che la volontà sia parte di noi e che la forza di fare qualcosa che ci siamo proposti nasce naturalmente.
Penso che frasi come: “quest'anno studierò di più”, “farò del l mio per finire la pos-laurea”; “viaggerei per l’Italia e per altri paesi dell’Europa”, e tante altre frasi come queste non sono le migliori frasi per diventare una persona forte perché sono dette nel condizionale. Frattanto, le frasi dette nel presente fanno sì che le cose siano già cominciate.
Per i politici la situazioni è molto diversa. Loro non fanno quello che dicono nelle elezioni perchè non è interessante per loro e perchè, nella maggior parte, loro hanno voglia di diventare ricchi nella politica e sviare denaro pubblico per i loro conte in Svizzera.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Atitude sensata, mesmo que tardia



Em fevereiro, Rihanna foi espancada pelo cantor, Chris Brown. A cantora abriu um processo contra o rapper e ele foi à julgamento, sendo obrigado a pagar multa, prestar serviços voluntários e a frequentar aulas para aprender a controlar a raiva. Algum tempo depois, a cantora reatou com o namorado, alegando que ainda gostava dele.

Após 10 meses, ela resolveu falar à imprensa sobre o fato. Então, desculpou-se com seus fans e disse que tem noção de que voltar a namorar Chris Brown poderia ser interpretado como uma concordância à violência que sofreu. Ela usou as palavras "humilhante" e "traumatizante" para descrever a agressão.

Ao mesmo tempo ela adverte, dizendo que: "Pode acontecer com qualquer pessoa. É humilhante admitir que passei por isso e foi uma experiência muito traumatizante." A cantora revelou ainda que Chris Brown foi o seu "primeiro grande amor" e isso a magoou ainda mais. Ela resolveu falar pois sabe que é uma figura pública e sua atitude pode ajudar mulheres que passam por esse tipo de situação.

A atitude de Rihanna, mesmo que tardia, foi muito sensata e pode, sim, ajudar milhares de garotas e mulheres que sofrem agressões de seus namorados e maridos a lutarem para sair dessa situação. Retomar o relacionamento com o companheiro agressor é uma atitude típica da mulher que acredita que ele vai mudar e que as coisas vão melhorar. 

No entanto, a tendência é que a situação só piore, pois o homem percebe que a mulher está vulnerável e que não terá forças para denunciá-lo quando outra agressão ocorrer. Então, Rihanna virou a mesa ao dar essa entrevista alertando suas fans.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O inferno astral, a TPM e o trânsito caótico



Junte três coisas estressantes em uma mesma semana: inferno astral, TPM e trânsito caótico. Adicione a isso o fim de ano, estrelinhas de Natal por todo canto, Papais Noéis pendurados em edifícios, a primeira comunhão do sobrinho e ... Bom, não precisava de mais nada. Mas, tem mais.

Semana passada foi o stress personificado. Caramba, sou uma pessoa relativamente calma, mas ficar presa em um congestionamento por mais de uma hora e não sair do mesmo lugar; ficar presa no trabalho por mais de duas horas porque uma fileira de caminhões não deixava nenhum veículo pequeno passar; correr para chegar no horário para a primeira comunhão do sobrinho sob pena de não encontrar lugar para sentar e, portanto, ficar mais de duas horas em pé ouvindo o sermão do padre; olhar o site da Receita Federal e ver que a retificação do Imposto de Renda ainda não foi computada e, portanto, a restituição vai demorar um pouco mais a cair na conta..... Hum, o que mais?

Tenho uma lista de pequenos contratempos ou pequenos afazeres que juntos e, na situação que ocorreram, me fizeram pensar: "Caramba, e esse ano que não acaba? E, essas férias que não chegam logo?" Junte-se a tudo isso uma luxação na patela traseira do meu cachorro. E, para complicar um pouco mais as coisas, cada um com quem converso é de uma opinião diferente: uns aconselham que o pobrezinho deve ir para a cirurgia, outros avisam que é melhor esperar para ver se ele melhora com a perda de peso.

Puxa, minha vida está parecendo um roteiro de Almodóvar. Ainda bem que não é Quentin Tarantino, não é? Como comentei com um amigo meu: "Depois, entram no Mc Donald's matando todo mundo e não sabem o porquê." Nossa, nem sei porque falei isso... Mas, isso foi semana passada. Semana caótica, infernal e, ainda por cima, com TPM. Acho que Deus é mulher mesmo. Só Ela para entender nossos humores, TPM's e enxaquecas. E, ainda bem que tenho amigos muito queridos com quem desabafar, conversar e... Enfim, amigos muito queridos mesmo!

sábado, 21 de novembro de 2009

O maltês e a pitbull


Toda noite é a mesma coisa. Assim que chego em casa, Frederico pula, querendo mostrar a guia vermelha em cima da mesinha da sala - como se eu não soubesse ou não lembrasse onde deixei a guia na noite anterior.
É quase um trabalho de monge budista acalmar o cachorro que pula, mesmo com luxação na patela traseira, e dá uns grunhidos para alertar que está quase soltando o xixi que guardou o dia inteiro para soltar pelas redondezas na tentativa de atrair alguma cachorrinha.
Coitado, mal sabe ele que já é castrado e que, mesmo se atrair alguma cadelinha, a relação vai ficar apenas na amizade mesmo. Li em algum lugar que mesmo castrados, os cachorros também copulam, mas achei isso bem improvável, apesar do meu cachorro ser muito hiperativo. Troco os sapatos por algo mais confortável, pego uns saquinhos plásticos para recolher as necessidades do fofucho e lá vamos nós para mais uma aventura. Sim, porque passear com meu cachorro é uma grande aventura.
Primeiro, descemos vários lances de escada, pois ele não suporta que outras pessoas entrem no elevador conosco. Ainda estou para descobrir se essa reação é algo para me proteger ou se é porque ele é mesmo antisocial. Então, para evitar aborrecimentos, já coloco o pimpolho para fazer uns exercícios físicos. Após os 11 lances de escada, finalmente, chegamos à portaria do prédio. "Não, Frederico, aí não!" Falo com firmeza para ele não sair demarcando toda a área social do prédio. Engraçado, isso ele atende e obecede. Mas, parar de latir loucamente quando alguém entra no elevador.... Ainda não consegui essa proeza.
Ah... a rua. Chegamos à rua. E é uma luta fazê-lo parar de puxar a guia. Um poste, outro poste e, com a bexiga mais vazia, ele se acalma e começamos o passeio propriamente dito até chegarmos a um estacionamento das redondezas. Lá, livre, leve e solta está uma pitbull que, para surpresa de todos, é mansinha, mansinha, mansinha. Um amor de cachorra. Mas, eu conheço a peça rara que crio dentro de casa e ele já quis encarar um rotwalleir da vizinhança. Então, coloco o Frederico no colo e atravessamos a rua, obviamente ao som de latidos de contradição.
Na volta, invariavelmente, o estacionamento está fechado e a pitbull encontra-se fora do alvo do pequeno maltês. É que o rapaz que trabalha no local me vê passando e resolve dar uma ajudinha prendendo o grande cachorro branco atrás do aramado do portão.
Como eu me divirto ao passar em frende do lugar. O Frederico todo agitado, querendo latir para a pitbull, querendo entrar no estacionamento para fazer sei lá o quê com a cachorra: morder, brincar, abanar o rabo, acasalar? Mas, o latido dele não sai, pois o dela é muitas vezes mais potente do que o latido dele. E ela abana o rabo com tanta força que dá prá ouvir do outro lado da rua.
Em seguida, após muitas tentativas de conter o Fred, consigo tirá-lo dali. Ele sai feliz, com um sorriso na cara, típico de missão cumprida. É, com certeza rola um caso de amor platônico entre o Frederico e a pitbull do estacionamento. Ainda preciso descobrir o nome dela.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sociedade machista e hipócrita



Antes que caia no esquecimento e que outros fatos mais relevantes tomem conta do nosso dia-a-dia, não posso deixar de mencionar minha perplexidade em relação ao acontecido com Geise, aluna da Uniban de Santo Bernardo do Campo (SP). O assunto foi amplamente comentado na imprensa durante mais de uma semana e só foi deixado de lado quando um apagão de energia elétrica parou 18 estados do Brasil e tomou conta dos noticiários.
A garota usava uma minissaia rosa, curtíssima e baratinha quando se dirigia para as aulas do curso de turismo no período da manhã. Logo na entrada da faculdade ela foi abordada por vários colegas que a chamavam por palavrões. A confusão tomou ares de linchamento quando cerca de 700 alunos, garotos e garotas de 20 anos (!), reuniram-se nos corredores para xingá-la. Geise só conseguiu sair de lá escoltada por policiais.... Se não fossem eles, os policiais, ela teria sido linchada, ou estuprada.
O que será que passa na cabeça desses jovens tão intolerantes ao modo de vestir de uma colega? Não vou nem perder tempo sobre a questão da falta de bom senso da garota que vestiu uma minissaia curtíssima e justíssima para assistir uma aula. O que me impressiona mesmo é a atitude dos colegas. Estamos em 2010, quase 50 anos após o surgimento do movimento feminista e várias décadas vivendo sob o regime de democracia no Brasil.... Não entendo tamanho retrocesso no comportamento dos jovens. Na década de 70, essa garota teria sido aplaudida em pé pelos colegas ao ir para uma aula de minissaia.
Muitos falam que ela se comportava de maneira vulgar... Oras, quantas e quantas garotas que saem nuas na revista Playboy são vulgares e nem por isso as revistas deixam de ser vendidas. Quantas e quantas mulheres desfilam praticamente nuas no Carnaval e ninguém está preocupado se são vulgares ou não. Quantas e quantas mulheres saem de minissaias nas capas de revistas femininas e masculinas desse País e essas revistas vendem como água.
Outros dizem que ela praticamente desfilou de minissaia e fez um percurso mais longo até chegar na sala de aula, como se um belo par de pernas fosse para ficar escondido... Meu Deus (!), agora vão proibir mulheres de minissaia de andarem por onde querem e fazerem o percurso que lhes convêm?
O acontecido só vem mostrar o quanto a sociedade brasileira é machista e hipócrita. Um País tropical, onde as mulheres praticamente andam peladas nas praias, deveria ser mais amadurecido no quesito tolerância. Os garotos e garotas da Uniban agiram daquela maneira pois Geise não vem de família rica e, por ser pobre, sentiram-se no direto de cortar as suas asinhas, ou melhor, perninhas. E se ela fosse negra? Eles teriam coragem de agir daquela maneira e serem tachados de racistas?
Uma sociedade erotizada, em que propagandas de cerveja e de carros dão sempre um jeito de colocar mulheres seminuas para aumentar as vendas de seus produtos, não aceita que uma garota esteja apenas confirmando o que ela mesma vê nos jornais e revistas? É incompreensível. É uma volta aos tempos das cavernas. Apoiar a atitude daqueles garotos e garotas é quase como aplaudir o fascismo e seu criador, Benito Mussolini.
Para mim, o incidente foi um grande estupro coletivo e imaginário. Todos ali sentiram-se ameaçados pelo par de pernas roliças e queriam rechaçá-la, apagar sua imagem para que ela os amedrontasse menos.
Mas, como toda ação tem uma reação, a moça ainda saiu ganhando - se é que dá para sair ganhando de uma situação dessas... Já recebeu convites para posar nas revistas Sexy e Playboy, está aparecendo em tudo que é programa de TV e ainda vai estrelar em um comercial de lingerie. É... a mídia não perde tempo e o acontecido está virando uma tragicomédia.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Furo MTV


Há algum tempo estou para escrever sobre o "Furo MTV", programa "jornalístico" da MTV. Com uma pitada de humor e situações nonsense, o formato lembra um pouco o "Saturday Night Live", da NBC americana - que também é transmitido na TV a cabo do Brasil - não lembro qual emissora.


Os apresentadores Dani Calabresa e Bento Ribeiro levam ao ar as notícias do dia de maneira muito engraçada, divertida e crítica. Os dois são muito bons na improvisação, rola bastante química entre eles e, melhor, um não quer roubar o espaço do outro.


O programa é exibido de segunda a sexta-feira, às 22h15, e reprisado às 14h45. Na sexta-feira, no mesmo horário, é exibido um compacto com os melhores momentos da semana, erros de gravação e bastidores.


No sábado, às 20h45, é exibida uma maratona com a reprise dos programas da semana e, no domingo, às 18h30, é exibido um programa reprisado da semana. Durante o seu único intervalo comercial, quase sempre é exibido um sketch entre Dani e Bento, com merchandising dos patrocinadores do programa.


O programa é muito bom mesmo!


Coldplay, no Brasil!

Sim, sim... esse título vem com ponto de exclamação. Em março a banda inglesa Coldplay fará apenas dois shows no Brasil - um no Rio de Janeiro, na apoteose, e outro aqui em Sampa, no Morumbi. Portanto, quem gosta da banda e é fã não pode demorar a comprar os ingressos que já estão a venda pelo site da Ticketmaster. Os shows acontecerão nos dias 28/02/2010, às 22h00, no Rio, e 02/03/2010, às 21h30, em São Paulo. Essa é a segunda vez que a banda vem ao Brasil. A primeira foi em 2003, durante uma turnê mundial.

O quarteto formado por Chris Martin, Jonny Buckland, Guy Berryman e Will Champion é mais um exemplo de banda que teve o início de sua formação em uma universidade. Martin e Buckland se conheceram em 1996, logo nos primeiros dias de aula na University College London (UCL). Logo depois Berryman se juntou à dupla e o trio formou o Pectoralz. No ano seguinte, o nome da banda mudou para Starfish. Em 1998, Will Champion ingressa na banda e, logo em seguida, o grupo tornou-se o Coldplay.

Em fevereiro deste ano, o álbum Viva la Vida or Death and All His Friends recebeu sete indicações para a 51º Edição Anual do Grammy Award nas categorias: Álbum do Ano (Viva la Vida or Death and All His Friends), Registro do Ano, Canção do Ano, Melhor Performance Vocal Pop por um Duo ou Grupo (para "Viva la Vida"), Melhor Canção de Rock, Melhor Performance de Rock por um Duo ou Grupo (para "Violet Hill") e Melhor Álbum de Rock (por Viva la Vida or Death and All His Friends). A banda conseguiu levar três prêmios nas categorias Canção do Ano para "Viva la Vida", Melhor Álbum de Rock para Viva la Vida or Death and All His Friends e Melhor Performance Vocal Pop por um Duo ou Grupo por "Viva la Vida".

Mas, nem tudo são flores para o Coldplay. Em dezembro de 2008 o guitarrista Joe Satriani abriu um processo de violação de direitos autorais contra a banda no Tribunal Federal de Los Angeles alegando que a banda copiou partes de seu instrumental "If I Could Fly", do álbum "Is There Love in Space?" na música "Viva la Vida". A banda também é acusada de plágio pelo músico Cat Stevens - que diz que o Coldplay copiou o arranjo de sua música "Foreigner Suit", também em "Viva la Vida".

Em recente entrevista ao Hampton Roads, o baterista Will Champion garantiu que a banda é inocente de todas as acusações e que não copiou canção alguma de ninguém. Ele declarou que acredita que algum tipo de transmissão musical entre artistas é inevitável: “Há elementos em nossa música que eu ouço em músicas de outras pessoas (...) Existem apenas oito notas em uma oitava e ninguém é proprietário delas. Há provavelmente 12 mil canções com a mesma sucessão de notas. Plágio, na minha opinião, é a intenção de roubar. O que certamente não fizemos e nem faremos."

Abaixo alguns vídeos da banda. Ah.... o Coldplay é demais!








quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cultura de convergência


A reportagem abaixo foi publicada na Revista Época em novembro do ano passado. Muito interessante e útil para quem trabalha com jornalismo, comunicação e entretenimento e, também, interessados em geral. O livro Cultura da Convergência, editora Aleph, chegou às livrarias do Brasil em outubro deste ano. Já folheei em uma livraria ali da estação Barra Funda e parece muito bom mesmo. O preço é meio salgado (R$ 69,00). Vou pedir como presente de amigo secreto...

Um novo Marshall McLuhan?


por Camila Hessel

O professor Henry Jenkins, do MIT, é freqüentemente comparado ao canadense que dedicou a vida ao estudo da comunicação e que cunhou a famosa expressão "o meio é a mensagem". Jenkins, um americano nascido em Atlanta, fundou o programa de estudos de mídia comparada do MIT, que se dedica à pesquisa dos fenômenos envolvidos no processo de convergência entre os novos meios de comunicação e os meios tradicionais. Seu livro sobre o tema – Cultura da Convergência – foi publicado no Brasil pela Editora Aleph em outubro. A seguir, confira a íntegra da entrevista concedida a Época NEGÓCIOS, em que Jenkins fala sobre o livro e também sobre os principais desafios para os conglomerados de comunicação, como os blogs, as redes sociais e a pirataria.

Época NEGÓCIOS – O senhor poderia explicar a idéia central do seu livro, Cultura da Convergência?
Henry Jenkins - Quando a maioria das pessoas da indústria de mídia fala de convergência, o discurso envereda pelo lado tecnológico: qual caixa preta irá controlar o fluxo de mídia no futuro? Então, eles falam em aparelhos que promovem a convergência, tal como o iPhone, capaz de executar muitas funções de mídia diferentes — como exibir filmes, reproduzir música, acessar a internet... Em certa medida, caminhamos em direção a uma maior integração entre as diversas mídias, se pensarmos somente em plataformas ou aparelhos. Mas nós também vemos que a mídia opera cada vez mais como um sistema cultural, em que cada história, imagem, som ou relacionamento é transmitido pelo maior número possível de canais de mídia. E a decisão sobre o uso de cada um desses canais é tomada tanto nos quartos dos adolescentes quanto nas salas de reunião dos conselhos de administração das grandes empresas do setor. Com isso, quero dizer que a convergência é promovida em igual medida pela integração das companhias de mídia, por seu desejo de explorar sinergias entre as diferentes divisões, pelo desejo dos consumidores de ter acesso ao conteúdo que querem, onde, quando e no formato que eles considerarem melhor e por sua determinação em adquirir esse conteúdo ilegalmente, caso ele não seja disponibilizado. Isso é a "cultura da convergência".

NEGÓCIOS – Quais são os principais desafios que essa cultura coloca para os conglomerados de comunicação?
Jenkins - Nesse cenário, as pessoas tomaram a mídia em suas próprias mãos e passaram a explorar elas mesmas novas ferramentas e plataformas que lhes permitam criar e veicular os seus próprios conteúdos. Por trás da cultura da convergência, está uma outra: a participativa. Vemos essa cultura participativa emergir em torno do YouTube, onde boa parte do conteúdo realmente interessante é gerado por amadores. Vemos essa cultura também no Second Life, onde as diferentes comunidades de consumidores estão construindo um mundo a partir de suas próprias imaginações. Num mundo de comunicações em rede como o nosso, a cultura participativa impacta a maneira como o conhecimento é produzido e distribuído. Hoje, como nos disse (o filósofo da comunicação) Pierre Levy, todo mundo sabe alguma coisa, ninguém sabe tudo e qualquer coisa que alguém saiba está disponível a qualquer hora para qualquer um que tiver interesse. Essa é a essência da inteligência coletiva, e podemos vê-la em exercício em lugares como a Wikipedia, onde as pessoas com as mais diversas especializações compartilham e examinam o conhecimento em conjunto para produzir um trabalho de referência maior e mais rico do que qualquer indivíduo seria capaz de imaginar sozinho. O maior desafio ainda está em curso: é negociar os termos dessa participação.

NEGÓCIOS – O senhor pode nos dar exemplos?
Jenkins – A publicidade nos blogs. Há tanto que não sabemos a respeito dessa questão! Enquanto os blogueiros se posicionarem como vozes independentes que oferecem uma alternativa aos veículos de mídia padrão, haverá um grande potencial de conflitos de interesse, uma vez que eles atraem os mesmos anunciantes que os veículos tradicionais. No mundo do jornalismo impresso, vimos que esse tipo de tensão rebaixou o papel dos jornais alternativos na sociedade americana. Poucos dos tablóides locais que surgiram em profusão nas décadas de 1960 e 1970 sobreviveram. Os que ainda existem são politicamente mudos e seu foco é quase sempre entretenimento ou a programação cultural local, como é o caso do Village Voice de Nova York, do Creative Loafing de Atlanta e do Boston Phoenix. Eu odiaria ver o mesmo acontecendo com os blogs. Por outro lado, não está claro por quanto tempo mais os blogs irão se sustentar à base de trabalho voluntário. É possível que os patrocinadores (e também os leitores, por que não?) queiram dar suporte financeiro aos blogueiros mais visionários e talentosos para que eles possam se dedicar integralmente a rastrear e a comentar histórias. O modelo de negócios que irá sustentar os blogs depois que a primeira onda de excitação e paixão começar a diminuir ainda não está claro. Produzir conteúdo uma semana atrás da outra é um trabalho duro. Talvez não precisemos que os blogueiros se transformem em profissionais em período integral, mas eles precisam ter um meio de integrar a produção de conteúdo em suas vidas profissionais e receber incentivos para prosseguir com o difícil trabalho de manter uma publicação viva. Eu acho que a busca por incentivos não-econômicos que promovam a participação contínua é uma questão-chave à medida que caminhamos para a nova fase da Web 2.0.

NEGÓCIOS – Como blogs e blogueiros se encaixam na cultura participativa?
Jenkins – A blogosfera se tornou um dos setores de maior visibilidade na cultura participativa, embora ainda exista uma tendência de analisá-la em contraposição ao jornalismo tradicional. Isso é um erro. Na realidade, os blogs dependem profundamente do trabalho que é realizado por jornalistas profissionais. O que os blogueiros fazem é tornar o trabalho dos jornalistas profissionais mais relevante para públicos com interesses específicos diferentes. Como regra geral, os blogs atuam junto a parcelas da população que se sentem mal atendidas pela mídia tradicional. O blogueiro procura por notícias que sejam interessantes para aquela determinada comunidade em uma série de veículos de mídia diferentes, além de produzir conteúdo próprio. Ao fazer isso, ajuda a expandir a circulação de diferentes conteúdos e os situa num contexto específico, mais próximo dos interesses de seus leitores. Um produtor de mídia tradicional seria muito sábio se passasse a olhar os blogs de perto, procurando entender como o veículo de mídia para o qual trabalha deixa de atender às necessidades e aos anseios de diferentes segmentos de público. A partir dos blogs este produtor poderia mapear os interesses de potenciais consumidores e conhecer melhor que opiniões eles têm a respeito dos programas e do conteúdo produzido hoje.

NEGÓCIOS – Como comparar blogs e redes sociais? O senhor acredita que um irá triunfar sobre o outro?
Jenkins – Eu vejo como um engano o debate a respeito de blogs e redes sociais. Os blogs constroem comunidades em trono de interesses compartilhados. As redes sociais tendem a surgir em torno de personalidades específicas e estabelecem uma ponte entre múltiplas comunidades de interesse. Uma rede social formada pelos meus amigos poderia incluir pessoas de minha comunidade geográfica, de minha vida pessoal, profissional e assim por diante. Eu sou o elo entre essas pessoas e elas alimentam uma ampla rede de comunidades de interesse. Os blogs tendem a nos dividir, enquanto as redes sociais tendem a nos unir.

NEGÓCIOS – O senhor entende que a cultura participativa é um dos motores por trás da pirataria?
Jenkins – Por um lado, os consumidores na cultura da convergência exigem a possibilidade de acessar um conteúdo em múltiplas plataformas. Ninguém quer ser obrigado a assistir um programa de televisão num horário específico, ficando refém da grade de programação da emissora. Há também espectadores que não querem ficar trancados do lado de fora de uma série que eles descobriram no meio da temporada. Eles querem acesso aos episódios anteriores em algum lugar que lhes permita acompanhar o programa no seu próprio ritmo, assistindo a todos os episódios de uma só vez ou em intervalos de tempo determinado, seja na internet ou no iPod. Ninguém quer esperar seis meses ou um ano para assistir a um programa estrangeiro cuja distribuição ainda não foi negociada por uma rede em seu país. Eu quero assisti-lo agora para poder participar da discussão internacional. E, como é possível ter acesso a esse programa de maneira ilegal, ninguém vai esperar que ele passe a ser oferecido legalmente. Há cada vez mais consumidores com interesses específicos em busca de determinados conteúdos que talvez nunca sejam oferecidos comercialmente em seu país — seja um anime japonês, uma comédia australiana ou uma telenovela latino-americana.

NEGÓCIOS – Que estratégias as empresas de mídia podem adotar para atender a essas novas necessidades?
Jenkins – Uma delas é oferecer sua programação online, num modelo de negócios similar ao do iTunes, em que os usuários de iPod adquirem músicas e vídeos. Uma série de TV pode ser comprada no site e assistida da maneira que o consumidor considerar melhor, talvez até mesmo de uma tacada só. Mas alguns produtores têm ido além e exploram as diversas plataformas de mídia não apenas para transmitir o conteúdo da TV, mas também para expandir a experiência de entretenimento. Séries como Heroes e Lost ampliaram sua presença na vida do espectador por meio de jogos interativos oferecidos na internet (os ARG – alternative reality games), mini-episódios montados especialmente para veiculação em telefones celulares (os mobisodes) ou mesmo de histórias em quadrinhos online. Os fãs de um determinado programa querem ir mais longe, eles esperam encontrar na internet muito mais do que vêem na televisão. Eles querem sentir que têm acesso a informações antes só disponíveis para os envolvidos na produção do programa, como detalhes de bastidores e histórias adicionais sobre os personagens e o universo em que vivem. Essas novas plataformas podem atrair novos consumidores, que gostem mais de jogos do que de séries de TV, por exemplo. Eles podem se interessar pelo programa e por outros conteúdos relacionados simplesmente porque gostaram do jogo colocado na internet.

NEGÓCIOS - Como a participação dos fãs influencia o processo de convergência de mídia?
Jenkins – Os fãs têm uma série de funções importantes para qualquer tipo de mídia. Eles ajudam a remodelar a cultura pop. No nível mais básico, eles são os consumidores mais dedicados, o que tem grande importância numa era de incerteza quanto à fidelidade do consumidor. Os fãs são os que possivelmente irão assistir a todos os episódios, procurar conteúdo adicional online, interagir mais freqüentemente com a marca e, fatalmente, transformar sua paixão por um programa em compras de produtos relacionados. Eles também são melhor informados e mais propensos a fazer propaganda boca a boca, angariando novos espectadores e ampliando a sua visibilidade. Mas, em muitos casos, os fãs mais ardorosos não passam de uma audiência adicional. Isso porque o seu perfil não se encaixa no do espectador tradicional: são mulheres fãs de série de ação e aventura, adultos que gostam de programas infantis ou mesmo homens que seguem novelas, para usar alguns exemplos. Em minhas pesquisas, levantei casos em que fãs foram fontes-chave de inovação e de criação de novas experiências. Eles pensavam em conteúdos que poderiam levar o programa a conquistar públicos mais amplos ou sugeriram novas interfaces entre os produtores e os consumidores. E, claro, na era das comunicações em rede, fãs que sejam alienados do processo de produção de conteúdo podem se tornar os seus críticos mais ácidos e efetivamente prejudicar um determinado programa, marcas afiliadas e até mesmo a emissora ou distribuidora. É por isso que eu digo que os fãs precisam ser cuidadosamente cortejados e ter seus desejos bem atendidos. Historicamente, produtores se prejudicaram muito mais ao declarar guerra aos fãs do que ao respeitar seus gostos e premiar sua criatividade e sua postura crítica.

NEGÓCIOS - Em seu artigo "Convergence?I Diverge" (Convergência? Eu Divirjo"), de 2001, o senhor diz que nenhum meio irá vencer a batalha da convergência. Desde então, muitas novas mídias e tecnologias se desenvolveram e popularizaram. Elas tiveram algum impacto na sua maneira de encarar o tema?
Jenkins – Não. Pensemos o ambiente de mídia como um ecossistema. Quando uma nova mídia aparece, ela certamente tem um impacto sobre as já existentes. Mas a história nos mostra que pouquíssimas foram as mídias que efetivamente morreram. Os mecanismos de transmissão vão e vêm, mas a mídia em sua definição mais ampla sobrevive. Tomemos como exemplo de mídia a gravação de som. Ela continua presente em nossa cultura independentemente de ser transmitida via cilindros de cera, discos de vinil, fitas cassete ou arquivos de MP3. Uma nova mídia pode empurrar uma antiga para o papel de coadjuvante, ou alterar seu modelo econômico ou mesmo alterar suas funções. O rádio passou a operar de uma nova maneira depois do surgimento da televisão, mas nós ainda contamos com ele para funções de comunicação extremamente importantes.

Na última década, nós assistimos ao crescimento dos aparelhos de comunicação portáteis. Eles representam um novo canal de transmissão para mídias que já existiam – como som, vídeo ou telecomunicações. Por um lado, esses aparelhos nos permitem interagir de novas maneiras com essas mídias e a integrá-las em novos contextos do nosso dia-a-dia. Surpreendentemente, poucas tecnologias portáteis exploram em profundidade as propriedades básicas dessa mídia emergente – como a mobilidade e a adequação aos diversos novos contextos em que o conteúdo será usufruído.
Historicamente, as primeiras aplicações de uma nova tecnologia ou plataforma se apóiam na continuidade de tecnologias antigas, transportando funções antigas para novos aparelhos ou explorando o componente de novidade dessa nova tecnologia. Mas, à medida que os usuários se familiarizam com a nova tecnologia, eles começam a realmente entender o seu potencial. E isso leva a uma nova transformação. Eu acho que esse processo está apenas começando a acontecer com os telefones celulares, por exemplo.

NEGÓCIOS - Algumas empresas investem em projetos para ampliar as situações de uso de seus aparelhos, como a Microsoft, que quer colocar o seu console de videogame Xbox "no centro da sala de TV", adaptando-o para ser um DVD player. Como essas estratégias afetam a evolução da convergência? Elas alimentam a crença de que um meio pode morrer?
Jenkins – Aqui é preciso diferenciar um meio de comunicação de um meio de transmissão. A guerra entre as plataformas de vídeo game é uma batalha de meios de transmissão. E nela é inevitável que existam ganhadores e perdedores. Mas, independente disso, nós iremos jogar vdeogame, assistir filmes e falar ao telefone. E eu estou convencido de que não iremos ver um único vencedor nessa batalha por que, como consumidores, nós queremos flexibilidade. Nós preferimos expandir nossas opções no lugar de restringi-las. Então, você pode preferir utilizar o seu console de vídeo game para ver filmes e jogar enquanto eu prefiro fazer essas coisas no meu iPhone. Nós vamos ver cada vez mais divergências quanto ao uso de uma determinada tecnologia, mas elas importarão pouco porque os sistemas de comunicação estarão completamente integrados e o conteúdo irá fluir livremente pelos mais diversos meios de transmissão.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Nem quando admiram dão o braço a torcer....


Li uma matéria hoje na Folha Online e vou transcrevê-la abaixo. No caso, é o cineasta britânico Guy Ritchie, 41, falando sobre a popstar Madonna e a separação do casal. Pouco são os homens que, mesmo admirando, fazem um elogio sincero às suas mulheres. Por quê será?

Guy Ritchie diz que ama Madonna, mas a considera uma "retardada" - da Efe, em Los Angeles

Ritchie não deixou dúvidas sobre a grande admiração por Madonna, com quem foi casado por oito anos, e afirmou que ela continuará sendo a rainha do pop, apesar das tentativas de aspirantes mais jovens. "Eu ainda a amo, mas ela é retardada", disse na entrevista.

"Quero deixar tudo bem entendido. Ela faz com que as coisas aconteçam. Põe a Madonna com qualquer jovem de 23 anos e ela trabalhará mais, dançará melhor e atuará melhor que qualquer uma", complementou o cineasta. Segundo a revista "People", toda a admiração ainda não é suficiente para que Ritchie inclua canções de sua ex-mulher no repertório de seu iPod.

O diretor contou na entrevista que sempre viu Madonna como sua esposa, não como uma celebridade. "Quando vinha a Londres, era uma londrina a mais. Ninguém a incomodava. Não importava quem era. Era minha mulher", comentou o diretor.
Ritchie também comentou sobre a escolha de Madonna como protagonista do filme "Swept Away", de 2002, fracasso de crítica e público. "O filme não é acessível a todo mundo, e há uma confusão porque a Madonna é a atriz", afirmou.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Método DeRose: muito mais que Yôga





Neste sábado, dia 24, participei da prática ministrada pelos professores Rogério Brant e Rosângela de Castro durante o evento DeRose Culture. Durante três horas vivenciei o Swásthya Yôga junto com instrutores e alunos de outras escolas e não escondo minha surpresa ao perceber que consegui realizar todos os ásanas e pranayamas sem ficar cansada. Muito pelo contrário, sai da prática renovada e muito disposta. E, pude comprovar que a presença de instrutores de outras escolas e alunos mais adiantados motiva e faz com que os iniciantes, como eu, se esforcem mais para sair da zona de conforto.
Além de reunir alunos e instrutores de diversas escolas, o evento teve o intuito de divulgar a cultura e a filosofia do Método DeRose, que é muito mais do que Yôga. Este Método utiliza ensinamentos de uma cultura milenar surgida na Índia há mais de 5 mil anos e, por meio de técnicas e conceitos, direciona uma pessoa comum ao estado de consciência expandida. A proposta é esculpir o ser humano de forma unilateral para que ele utilize o acréscimo de consciência, lucidez, sáude e disposição proporcionada pelo Método de forma construtiva e interventiva na sociedade e em sua própria vida.
O Método DeRose é uma cultura com ênfase em boa qualidade de vida, boas maneiras, boas relações humanas, boa cultura, boa alimentação e boa forma. Algumas das ferramentas utilizadas são: a reeducação respiratória, a administração do stress, as técnicas orgânicas (ásanas) que melhoram o tônus muscular e a flexibilidade, levando ao aprimoramento da descontração emocional e da concentração mental.
No Brasil e no mundo são mais de 200 escolas filiadas e mais de 50 mil praticantes. As escolas do Método está presentes em países como: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Argentina e Chile.
Mais informações, acesse o site: http://www.metododerose.org/.

DeRose Culture


Neste fim de semana (23,24 e 25) aconteceu aqui em São Paulo o DeRose Culture, um evento que também tem edições nas cidades de Porto (Portugal) e Nova York (Estados Unidos) e que reuniu profissionais e praticantes do Método DeRose de todo país e também de outros países.
Com o objetivo de divulgar a cultura e a filosofia do Método, além de promover a integração entre todos os participantes (instrutores, alunos das unidades como de academias, empresas e clubes filiados), o evento contou com a participação do fundador do Método, DeRose; os professores Rogérios Brant e Rosângela de Castro, além de Presidentes das Federações de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, entre outros.
O DeRose Culture começou na sexta-feira, 23, com uma aula gratuita aberta ao público na praça do Porquinho, no Parque Ibirapuera e seguiu durante o sábado e o domingo no Hotel Ibis da Barra Funda. No sábado, 24, instrutores e alunos tiveram a oportunidade de participar de uma prática de três horas que foi ministrada pelos professores Rogério e Rosângela. No dia 25, domingo, a prática foi ministrada por oito Presidentes de Federações.
Além das práticas, o evento contou ainda com o lançamento dos livros: "Histórico e Trajetória", do mestre DeRose; "A Ancestral Arte da Poesia", de Fábio Euksuzian; "O Poder do Mantra", de autoria de Ricardo Melo e Caio Melo; e "Gourmet Vegetariano", da instrutora Rosângela de Castro. A festa de lançamento dos livros aconteceu no Espaço Cultura Vila Mariana e contou com coreografias características do Método e DJs convidados.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Poeira das Estrelas

Outro dia, um amigo comentou: "Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita". Essa frase, do Evangelho de São Mateus, me fez pensar. É engraçado... Muitas vezes, no intuito de nos auto-afirmarmos e colocarmos nossas opinões, podemos cair no "erro" da ostentação e do orgulho. Coloquei erro entre aspas, pois isso não chega a ser uma falha monstruosa, algo que vai nos levar para o inferno (...) ou algo que temos que nos martirizar por termos feito. Mas, é uma atitude que, ao tomarmos consciência, é bom para nós mesmos que deixemos de lado.
Infelizmente, isso não é tão simples ou fácil porque nos condicionamos a querer que os outros concordem com nossas opiniões, achem que o que fazemos é sempre muito bom e, sem dúvida, queremos aplausos - pelo menos, eu acho que mereço uns aplausos de vez em quando. E, até mesmo nas ações em que ajudamos o próximo e queremos o bem da pessoa podemos cair na "tentação" de alardearmos aos sete ventos o que estamos fazendo. Pode ser que a intenção seja boa, mas o orgulho não é uma coisa boa e propagandear nossas boas ações pode ser uma armadilha do ego para sermos queridos por todos.
Não lembro ao certo qual era o assunto e porque ele disse isso, mas interiorizei a frase e peguei para mim o ensinamento. E, a partir disso, uni esse trecho do evangelho ao ensinamento "Assim como é em cima, é embaixo", tão mencionado para entendermos as sephiroths da Árvore da Vida (Cabala) e explanado por tantas outras linhas místicas/espirituais. Mas, o quê isso tem a ver com a história da mão esquerda e da direita, você deve estar se perguntando. Tem tudo a ver. Se fazemos uma boa ação, ajudamos alguém que gostamos muito e esperamos algo em troca.... Vamos continuar esperando sentados os frutos do nosso bem proceder.
E, é aqui que entra a Lei do Desprendimento. Em tudo nessa vida temos que ter desprendimento. Estamos nesse mundo para crescer, alcançar um grau acima, nos superarmos. E, para tanto, é necessário desprendimento. Nossas boas intenções e nossos bons pensamentos ajudam o outro mas, acima de tudo, ajudam nós mesmos a sermos pessoas melhores. E, se ficarmos sempre esperando (mesmo que inconscientemente) os louros pelas nossas atitudes não haverá crescimento. Estaremos entrando em um ciclo vicioso, a famosa Roda da Vida, o Sâmsara - um eterno aguardar algo em troca pelos nossos ensinamentos e ações.
E, como cada vez mais acredito que existe vida além da vida e que não estou na Terra a passeio começo a me corrigir desses padrões de comportamento. Como já dizia o astrônomo Marcelo Gleiser, somos poeira das estrelas e cada pequena ação reflete em todo o Universo e, principalmente, no nosso pequeno universo, que é deveras complexo, diga-se de passagem.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Amantes


Um filme muito interessante que acabo de assistir é "Two Lovers", lançado aqui no Brasil como "Amantes". Dirigido e roteirizado por James Gray, o romance conta com a atuação mais do que inspirada de Joaquin Phoenix que interpreta Leonard, um rapaz que volta a morar com os pais e trabalha na lavanderia da família. Leonard é bipolar e ainda não conseguiu se recompor de um relacionamento que acabou por motivos plausíveis, mas não justificáveis.
Logo no início, ele consegue se safar de uma tentativa desastrosa de suicídio e vamos percebendo que ele, apesar de um tanto imaturo, tem uma carga de sentimentos enorme. A família judia arranja para ele uma namorada, filha de um casal amigo que também tem uma lavanderia. A união será benéfica para as duas famílias, já que irão fundir os negócios. Leonard até começa a se interessar pela moça (Vinessa Shaw), mas logo conhece a vizinha Michelle (Gwyneth Paltrow) por quem se apaixona e nutre uma obsessão.
Após conhecer essas duas mulheres, a vida de Leonard vira de ponta cabeça. Não que seja culpa delas, mas a atração e a obsessão que ele sente pela vizinha linda-de-morrer é tão grande, que ele nem percebe que está amando a garota apresentada pelos pais. Mas, o filme prende a atenção justamente por não focar no triângulo amoroso - ou melhor, no quarteto amoroso já que a vizinha mantém uma relação com um homem casado, mas por mirar na instabilidade emocional do personagem principal e na oscilação do seu humor. Outro ponto interessante do filme é que o diretor não busca soluções hollywoodianas para seus personagens e, sim, um final como seria na vida real, verdadeiro.
E, é isto que faz o telespectador pensar.... Porque o amor é isso mesmo: tenta-se tudo por ele, mas quando não existe mais nada a fazer, o que nos resta é dar a volta por cima. Não posso deixar de mencionar as atuações de Isabella Rossellini e Elias Koteas, como os pais muito amáveis e compreensíveis de Leonard.
A cidade de Nova York, fria e cinzenta, reflete bem o humor de Leonard no início do filme e o prédio em que a família mora pode ser visto como testemunha ocular das tentativas do personagem de mudar de vida, de ir para um caminho totalmente diferente do que a família escolheu para ele. A ambientação e a fotografia do filme são excelentes e lembram um pouco os filmes de Woody Allen.
A cena em que Leonard, Michelle e algumas de suas amigas vão se divertir em club novaiorquino é muito bem feita! Hum... bem que poderia existir um club tão legal como esse aqui em São Paulo.
Além do trailler não-oficial do filme, posto uma entrevista de quase 10 minutos com o diretor. Vale a pena assistir/ouvir.




quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Casa do Lago



A Casa do Lago é um filme lançado em 2006 e tem como casal romântico Sandra Bullock e Keanu Reeves. Nesses tempos de amores descartáveis, o romance fala sobre esperar. Esperar o momento certo, esperar a pessoa amada, esperar o amor.
O casal vive um amor separado pelo tempo e para envolver-se na história, o público tem que acreditar em uma possível viagem no tempo, ou melhor, a possibilidade de uma ligação temporal entre duas pessoas que estão separadas por um intervalo de dois anos.
Kate (Sandra Bullock) é uma médica que deixa a casa onde mora para ir viver em Chicago. A casa em questão é a casa do lago do título do filme. Esta casa tem as paredes de vidro e, portanto, quem está lá dentro vê tudo o que se passa fora e vice-versa. Aprofundando um pouco mais, podemos perceber que o fato da casa ser de vidro permite-nos filosofar sobre a ligação que existe entre o nosso mundo interior e o exterior. A convivência do nosso Eu com o mundo externo e todas as influências que isso proporciona em nossas vidas.
Kate é bem-sucedida profissionalmente, mas muito solitária e ensimesmada. As cenas que mostram ela dentro da casa, sozinha, contrapondo com o mundo exterior cheio de possibilidades de interações e vivências são bem interessantes. Após conselhos de uma colega de profissão, ela muda-se para a capital. Na outra ponta, temos Alex (Keanu Reeves), um arquiteto, também solitário, vai morar nesta casa após a mudança de Kate. A ligação entre os dois acontece por meio de uma correspondência que Kate deixa na caixa de correio dando boas-vindas ao novo inquilino e pedindo que ele mande possíveis correspondências que estejam no nome dela para o seu novo endereço. Ela também pede para que ele não ligue para as marcas de patas de cachorro deixadas no chão da varanda da casa. Alex olha e não vê as tais pegadas. Alguns dias depois, um cachorro aparece e deixa as marcas na entrada da casa. Como Kate sabia que o cachorro iria fazer aquilo?
Eles começam a trocar correspondências e Kate percebe que Alex assina as cartas e coloca a data de 2004 e ela já está vivendo em 2006. Como isso é possível? Está pronta a deixa para que um romance aconteça entre os dois. Primeiro, pela estranheza do lapso de temporal e, depois, a enorme compatibilidade que existe entre eles.
Como o casal irá superar a distância imposta pelo tempo? Será que vão ficar juntos no final? Isso acaba prendendo a atenção do público, apesar da premissa um tanto absurda imposta pelo filme. Mas, convenhamos, quem já não imaginou que o seu amor pode estar perdido em algum lugar do tempo e do espaço de difícil acesso? Quem já não pensou sobre a possibilidade de estar vivendo em uma época errada e, portanto, em um tempo diferente da sua alma gêmea?
É um tanto ilógico esse pensamento, mas já percebi que algumas crianças/pré-adolescentes pensam nessas possibilidades. Inclusive eu pensava sobre isso na minha fase de adolescente.
Partindo desse paradoxo, o roteiro vai envolvendo o espectador que imagina como o romance, até então platônico, irá se concretizar.
Gostei muito do filme, apesar de algumas inverossimilhanças. A cena em que Alex encontra Kate no ano de 2004 é muito bonita. O problema é que ela ainda não o conhece, ainda não está vivendo o romance platônico com ele. Mas, teoricamente, tudo o que ele fizer em 2004 estará na memória de kate em 2006.
Abaixo, posto a cena em que os dois dançam ao som de "This Never Happened Before", de Paul McCartney. Muito linda, apesar dos posts desta cena no Youtube estarem muito escuros...



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Adote uma Causa


Cansei de ver crianças nos faróis, velhinhos dormindo nas ruas, andarilhos sem rumo e toda sorte de pobreza estampada nos rostos dessas pessoas. Cansei de ver essa situação e não fazer nada. Cansei de ser apenas uma espectadora passiva e, há algum tempo, resolvi contribuir com minha ajuda para uma causa. Na verdade, para duas.

A primeira delas é das crianças com HIV do Centro de Convivência Infantil Filhos de Oxum (CCI), com sede em Taboão da Serra. Este centro é primeira Casa de Apoio para Crianças Soropositivas no Brasil e foi criada em agosto de 1990. O local atende crianças portadoras do HIV até que elas completem 18 anos. E, eles oferecem desde alimentação e acompanhamento médico até educação e apoio legal.

A ONG sobrevive de doações dos contribuintes, convênios com órgãos públicos, projetos e bazares. Cada um ajuda como pode e a instituição sempre precisa de recursos para comprar leite especial para as crianças e medicamentos, entre inúmeras outras coisas.

Quem quiser conhecer o trabalho desta ONG, poderá visitá-los no dia 12 de outubro. Eles abrirão a casa para visitação e comemoração ao Dia das Crianças. O centro ficará aberto para o público das 9h00 às 17h00 e haverá distribuição de presentes para as crianças da sede.

A outra causa que abraço com o maior orgulho é a ONG "Adote um Gatinho". As "tias", como elas mesmas se auto-denominam, iniciaram o trabalho voluntariamente em 2003. A inciativa surgiu quando as amigas Susan Yamamoto e Juliana Bussab resolveram ajudar esses seres indefesos que são abandonados nas ruas. Durante três anos elas tocaram o "negócio" sozinhas e conseguiram doar mais de 1400 gatinhos. Em 2006, outras gateiras se uniram para ajudar e, em 2007, o Adote um Gatinho virou ONG e conta com 40 voluntários.

Ainda não me candidatei para ajudar voluntariamente nenhuma das duas ONGs, mas ajudo financeiramente (quando posso, lógico) e divulgo o trabalho sempre que tenho oportunidade. E, para ajudar, não é preciso muito, não. Qualquer quantia ajuda. No caso do CCI, os boys vão até sua casa ou trabalho para buscar o dinheiro ou cheque. E, para o Adote um Gatinho você pode fazer um depósito bancário ou doar alguma coisa que seu bichinho de estimação não use mais. Ah, você também pode doar cobertores para os gatinhos e cachorrinhos. Afinal, eles também passam frio. Por menor que seja, nossa ajuda é sempre muito importante para essas causas humanitárias e sociais.

Para acessar, abaixo os links das Ongs:

http://www.larcci.org.br/inst_qsomos.htm
http://adoteumgatinho.uol.com.br/somos.htm

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Com Açúcar, Com Afeto


Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer?
Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

Composição: Chico Buarque




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Preconceito

Ontem à noite, passeando com meu cachorro Frederico pelas ruas molhadas do centro, uma garota que estava na direção contrária puxou conversa. Afagou o cachorro, perguntou de que raça ele é e conversamos algumas amenidades.
Após alguns minutos, ela disse: "Adoro cachorro, mas não tenho porque fico o dia inteiro fora e ele iria sentir falta. E, também, passear por aqui é perigoso, não é?" Quando ia responder que não, que não é perigoso passear com o cachorro ali, ela começou a criticar o bairro e, pasmem, os nordestinos pela sujeira das ruas....
Não deu tempo de dizer à ela que a sujeira nas ruas não é culpa dos nordestinos e que, por ser filha de uma nordestina, achei aquele comentário de muito mal gosto e de um preconceito atroz. A moça em questão disparou a fazer comentários negativos ao povo nordestino e, quanto mais eu queria me desvencilhar daquele papo ignorante, mais ela falava absurdos.
É uma pena que o Frederico esteja tão mais calmo... Em outras épocas, quando ainda não tinha acertado os florais para baixar a sua ansiedade, eu poderia ter pedido a ele que desse uma boa mordida nas canelas da dita cuja. Porque, convenhamos, a mulher não sabe do que está dizendo.
Primeiro: os nordestinos são pessoas muito bem educadas e foram eles, ao lado dos imigrantes, principalmente os italianos, que ajudaram a construir, literalmente, a cidade de São Paulo. Segundo: a má-educação não é exclusividade dos nascidos em uma determinada região, ou Estado. É só andar pelos bairros mais ricos de São Paulo para ver os motoristas jogando lixo das janelas de seus carros, fechando outros motoristas e desrespeitando a faixa de pedestres. Terceiro: se o prefeito Kassab não tivesse cortado a verba para a limpeza, a cidade não teria tido tantos pontos de alagamento anteontem, após aquela chuva torrencial.
Portanto, o problema é muito mais complexo. Dizer que os bairros mais sujos de São Paulo são o Ipiranga e a Bela Vista e concluir que a culpa disso é a grande quantidade de nordestinos que mora nesses bairros (!) é construir uma equação doida, para falar o mínimo.
Estamos quase em 2010 e ainda sou obrigada a ouvir essas asneiras... Puxa, devia mesmo ter feito o Fred morder as canelas daquela infeliz.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

21 Gramas


Como lidar com a morte? Como superar a morte de uma pessoa muito querida? O filme "21 Gramas" fala exatamente sobre isso e de como as pessoas superam um acontecimento trágico. O filme mostra que cada um supera a morte como pode, de acordo com seus recursos internos - seja qual for a maneira como ela acontece, afinal a morte, mesmo que indolor, deixa um rastro de tristeza por onde passa. Uns a superam de maneira mais frágil, outros aparentemente mais fortes. Mas, a dor está ali, estampada na tela o tempo todo, estampada nos rostos dos personagens.
Assisti o filme na época do seu lançamento, em 2003, e recentemente, zapeando os canais, calhou que estava passando de novo. É um filme muito intenso, em que os personagens são carregados de emoção. Impossível assistir ao filme e não pensar na vida, em como se está vivendo, em como superamos as dificuldades do nosso dia-a-dia - maiores ou menores, mas que exigem superação.
"21 Gramas" conta a história de três famílias cujas trajetórias se encontram de maneira trágica. O professor universitário Paul (Sean Penn) é um cardíaco que vive com a mulher à espera de um transplante de coração. Christina (Naomi Watts) é uma dona de casa, ex-drogada, que vive de maneira pacata, ao lado do marido e duas filhas. Jack (Benício Del Toro) é um ex-alcóolatra, que foi preso algumas vezes, e que descobriu na religião a sua redenção e um meio onde encontrou forças para criar suas filhas e manter a esposa. Após um trágico acidente, os seus destinos serão interligados de maneira dramática. É complicado falar mais sobre o filme sem contar muito. Portanto, páro por aqui.
Além do roteiro muito bem amarrado, a maneira fragmentada como o filme é montado, em que enredos paralelos vão se juntando e se alternando é muito interessante. A cronologia dos acontecimentos é apresentada de forma embaralhada, aparentemente desconexa, o que prende a atenção do telespectador. O filme vai e volta no tempo várias vezes e mostra situações com um núcleo de personagens que acontecem paralelamente a outras situações com outros núcleos. Com o decorrer da história, vamos entendendo e montando o quebra-cabeça.
"21 gramas" é um filme muito denso, em que os personagens poderiam ser encontrados por aí nas ruas, no ambiente de trabalho e em nossas famílias, tamanha a proximidade da história com a vida real.
A atuação de Sean Penn é memorável. Depois de atuar em "Sobre Meninos e Lobos" - em que foi indicado como melhor ator - mas não levou a estatueta, em "21 Gramas" Sean Penn interpreta um personagem extremamente difícil. Ele seria o único que poderia, de certa forma, lucrar com o acidente, mas ele procura a dor, ele quer entender a dor da perda e ele quer vingá-la. Naomi Watts, descoberta por David Lynch em "A Cidade dos Sonhos" - outro filme que adorei e assisti diversas vezes, está mais madura em "21 Gramas". A maneira como ela expressa os sentimentos é impressionante. Só assistindo para entender.
E, Benicio Del Toro... Em "Snatch - Porcos e Diamantes", ele atua ao lado de Brad Pitt e proporciona muitos momentos cômicos; em "Sin City - A Cidade do Pecado", adaptação cinematográfica das histórias em quadrinhos de Frank Miller, sua atuação rendeu o prêmio de melhor ator em Cannes. Nesses dois, os personagens de Benicio são mais bem definidos, mais lineares. Em "21 Gramas", o ator faz um personagem mais dúbio, mas capta tão bem toda esta ambiguidade que não conseguimos ter raiva ou pena...
Benicio e Naomi foram indicados ao Oscar por suas atuações em "21 Gramas". Naomi como melhor atriz e Benicio como ator co-adjuvante. Mas, como a Academia sempre deixa a desejar, nenhum deles levou o prêmio. No entanto, o que importa é que esse filme é um dos melhores que assisti. Intenso e pertubador, "21 Gramas" realmente faz a gente pensar na vida e em como estamos aproveitando cada minuto dessa dádiva que é viver.

"Quantas vidas nós vivemos? Quantas vezes nós morremos? Acredita-se que perdemos 21 gramas no exato momento em que morremos, cada um de nós. Quanto pesam 21 gramas? Quando perdemos 21 gramas? Quanto de nós se perde? Quanto de nós é ganho? Quanto pesa 21 gramas? O peso de uma moeda de 5 centavos, de um beija-flor, de uma barra de chocolate? 21 gramas é o peso que seu corpo perde após a morte. 21 gramas. Será o peso da vida? 21 gramas. Será o peso da alma? Uma coisa é certa: a morte chega uma hora, você querendo ou não, mais cedo ou mais tarde." (frase do personagem de Paulo - Sean Penn)
Vale a pena assistir!


Curiosidades sobre o filme: * 21 gramas é o peso que o corpo perde no exato momento em que morremos. * O filme custou 21 milhões. * 21 Gramas é o 2º longa-metragem dirigido por Alejandro González-Iñárritu. O anterior foi Amores Brutos (2000).

Premiações:* Recebeu 2 indicações ao Oscar, nas categorias: Melhor Atriz (Naomi Watts) e Melhor Ator Coadjuvante (Benicio Del Toro).* Recebeu 5 indicações ao BAFTA, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Sean Penn), Melhor Atriz (Naomi Watts), Melhor Ator Coadjuvante (Benicio Del Toro), Melhor Edição e Melhor Roteiro Original.* Recebeu uma indicação ao César de Melhor Filme Estrangeiro.* Ganhou o Volpi Cup de Melhor Ator (Sean Penn), o Prêmio Wella (Naomi Watts) e os prêmios de Melhor Ator - Voto Popular (Benicio Del Toro) e Melhor Atriz Voto Popular (Naomi Watts), no Festival de Veneza.* Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Filme Estrangeiro.