quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Poeira das Estrelas

Outro dia, um amigo comentou: "Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita". Essa frase, do Evangelho de São Mateus, me fez pensar. É engraçado... Muitas vezes, no intuito de nos auto-afirmarmos e colocarmos nossas opinões, podemos cair no "erro" da ostentação e do orgulho. Coloquei erro entre aspas, pois isso não chega a ser uma falha monstruosa, algo que vai nos levar para o inferno (...) ou algo que temos que nos martirizar por termos feito. Mas, é uma atitude que, ao tomarmos consciência, é bom para nós mesmos que deixemos de lado.
Infelizmente, isso não é tão simples ou fácil porque nos condicionamos a querer que os outros concordem com nossas opiniões, achem que o que fazemos é sempre muito bom e, sem dúvida, queremos aplausos - pelo menos, eu acho que mereço uns aplausos de vez em quando. E, até mesmo nas ações em que ajudamos o próximo e queremos o bem da pessoa podemos cair na "tentação" de alardearmos aos sete ventos o que estamos fazendo. Pode ser que a intenção seja boa, mas o orgulho não é uma coisa boa e propagandear nossas boas ações pode ser uma armadilha do ego para sermos queridos por todos.
Não lembro ao certo qual era o assunto e porque ele disse isso, mas interiorizei a frase e peguei para mim o ensinamento. E, a partir disso, uni esse trecho do evangelho ao ensinamento "Assim como é em cima, é embaixo", tão mencionado para entendermos as sephiroths da Árvore da Vida (Cabala) e explanado por tantas outras linhas místicas/espirituais. Mas, o quê isso tem a ver com a história da mão esquerda e da direita, você deve estar se perguntando. Tem tudo a ver. Se fazemos uma boa ação, ajudamos alguém que gostamos muito e esperamos algo em troca.... Vamos continuar esperando sentados os frutos do nosso bem proceder.
E, é aqui que entra a Lei do Desprendimento. Em tudo nessa vida temos que ter desprendimento. Estamos nesse mundo para crescer, alcançar um grau acima, nos superarmos. E, para tanto, é necessário desprendimento. Nossas boas intenções e nossos bons pensamentos ajudam o outro mas, acima de tudo, ajudam nós mesmos a sermos pessoas melhores. E, se ficarmos sempre esperando (mesmo que inconscientemente) os louros pelas nossas atitudes não haverá crescimento. Estaremos entrando em um ciclo vicioso, a famosa Roda da Vida, o Sâmsara - um eterno aguardar algo em troca pelos nossos ensinamentos e ações.
E, como cada vez mais acredito que existe vida além da vida e que não estou na Terra a passeio começo a me corrigir desses padrões de comportamento. Como já dizia o astrônomo Marcelo Gleiser, somos poeira das estrelas e cada pequena ação reflete em todo o Universo e, principalmente, no nosso pequeno universo, que é deveras complexo, diga-se de passagem.

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