domingo, 21 de junho de 2009

O fim da exigência do diploma de jornalista

Como havia escrito sobre o jornalismo e a arte de ser jornalista em outro post, sou praticamente obrigada a fazer algum comentário sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, no último dia 17.
Sou formada em jornalismo e atuei como assistente de redação, repórter, redatora, revisora, editora-assistente, assessora de imprensa e, somando tudo isso, são 15 anos de experiência na área de comunicação. E, posso dizer que a maioria do que aprendi sobre a realidade da profissão foi nos estágios, com a prática e, principalmente, com a "ralação".
Quando você tem um editor estressado ao seu lado cobrando o texto que precisa ir para a gráfica, aprende-se na marra a perceber os pontos chaves de uma entrevista e distribuí-los no espaço que você tem à disposição. Somente o que for extremamente importante para a informação vai para o papel. O supérfluo fica de fora.
A PUC foi ótima e me ensinou a pensar e escrever de modo lógico e, consequentemente, concatenar idéias. Fora que, quando fiz jornalismo, o curso era voltado muito mais para formar pensadores do que técnicos em transmitir a notícia, como é agora. Portanto, a técnica de escrever um lide, um olho e um abre de matéria, sinceramente, aprendi no dia-a-dia da redação e os ganchos foram aprendidos durante as entrevistas. Até o paste up do jornal - que consiste em colar lâminas de texto no tamanho das colunas pré-definidas no projeto gráfico, aprendi na redação de um jornal voltado para a comunidade japonesa.
Era necessário recortar com estilete aquelas tiras de papel e ir ajustando as colunas nos espaços. Na maioria das vezes era preciso cortar e colar as últimas linhas ou mesmo letras, forçando um ajuste louco para que as colunas ficassem alinhadas. Imagine o trabalhão que dava! Mas, eu adorava e não tinha tempo ruim. Na faculdade essa matéria era muito teórica e os alunos montavam apenas bonecos de jornal tabloide. Claro que isso sempre era feito em grupo e apenas uma pessoa colocava a mão na massa.
Mas, voltando à questão inicial: o que foi decidido foi a não-necessidade do diploma, e não do bom texto ou da inteligência. Quem não deve não teme e quem é competente nunca vai perder espaço. O jornalista nasce com esse dom e não é um curso que define a pessoa como jornalista ou não. O jornalista gosta de conversar e opinar, mas antes de tudo, sabe ver os dois lados de uma questão, fazer um apanhado do assunto e, se for o caso, colocá-lo no papel, no vídeo ou no rádio.
Parece que essa celeuma em torno do assunto reflete o medo de que surjam novos Rubens Bragas, sujeitos inteligentes, com o texto perfeito e sem diploma. Sinceramente, se isso ocorresse, seria até uma salvação para esse jornalismo sensacionalista e porta de cadeia dos últimos tempos. Quem for bom continuará abrindo portas. O que acabou foi a reserva de mercado para membros do sindicato que, aliás, nunca frequentei nem paguei mensalidade.
E, por falar nisso, o sindicato sempre foi fraco e nunca lutou pelos direitos de seus profissionais. Portanto, essa decisão do STF não me surpreende, pois isso já era comentado a boca pequena quando estava na faculdade. Se não podemos contar com uma entidade de classe forte, espera-se de tudo, até mesmo essa decisão estapafúrdia. Sem contar que muitos recém-formados e aspirantes não sabem sequer colocar suas idéias no papel ou a crase no lugar correto. A maioria não lê jornal e não sabe nem porque optou por essa carreira - resultado da disseminação de faculdades de beira de esquina.
Para completar a idéia, o diploma não será inútil, como muitos estão querendo acreditar. Ele terá a mesma importância de um diploma de administração. Ou seja, é possível chegar ao topo de uma corporação sem ter assistido uma aula de administração. Mas, é bem mais fácil e provável entrar e se manter no mercado com formação específica. O diploma de jornalismo não é obrigatório nos Estados Unidos e, mesmo assim, as faculdades são concorridíssimas.
Apenas para fazer um adendo: para ser jornalista precisa gostar de "ralar" e "ralar muito". Os editores, em sua maioria, são estressadíssimos, o tempo é sempre curto e as pautas estão sempre em lugares muito distantes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Solidão em São Paulo

Em um edifício, num bairro da zona oeste de São Paulo, um senhor morre e ninguém sente sua falta... Isso poderia ser cena de algum seriado americano mas, não é. Aconteceu de verdade aqui em São Paulo.
O senhor em questão não era tão senhor assim. Tinha por volta de 55 anos e mudou-se para o edifício há 10 anos, após se separar da esposa. Engenheiro, trabalhava em uma obra em alguma cidade do interior. Mas, depois que a construção acabou, o trabalho também acabou e ele ficou desempregado.
Pessoa solitária, começou a beber. A filha, quando ia ao edifício, colocava algum dinheiro embaixo de sua porta. Não falava com o pai e deixava algo em torno de R$50. Que ele gastava em bebida e cigarros. Passava dias sem aparecer no hall do prédio e, quando descia, era para ir ao bar comprar alguns litros de Caninha e maços de cigarro. Comia? Sim, todos têm que se alimentar. Ele comia sanduíches.
Morreu sozinho, sem nenhum tipo de assistência. E, ninguém sentiu sua falta. Após 8 dias, quando foram trocar o interfone de seu apartamento, bateram. Ninguém abriu. Como ele escutava pouco, costumava deixar a porta sem trancar. Então, o síndico resolveu entrar, com os dois funcionários da empresa de interfones.
Um cheiro azedo percorreu suas narinas... "Puxa, deve ter alguma comida estragada por aqui", comentou um deles. Após entrar em vários cômodos, no último, como nos seriados de TV, encontraram o corpo. Que estava ali há dias. Que já estava em estado de putrefação.
Por causa do frio, os vizinhos não sentiram o cheiro. Chamaram a polícia e levaram o corpo para autopsia. A causa-mortis não foi o alcoolismo, ou cirrose, como era de se esperar, mas sim um infarto fulminante. O coração não aguentou tanta solidão.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Pranayamas para aquecer

Um frio de 9º em plena segunda-feira, à noite... Ir ou não ir à aula de yôga? Primeira opção, lógico. Os exercícios respiratórios aquecem tanto o corpo que saimos da aula agradecendo a Deus por estas práticas existirem.
Os pranayamas são exercícios respiratórios que aquecem o corpo e o preparam para os ásanas, posturas do yôga. As respirações abdominais profundas, em que inspiramos e expiramos pelo nariz, profundamente e rapidamente, sem mover as costelas, são ótimas para trazer consciência ao corpo do praticante. Em seguida, os movimentos abdominais, em que expiramos completamente o ar e, com os pulmões vazios, movimentamos o abdome para dentro e para fora várias vezes seguidas, aquece tanto que temos a impressão de que alguém ligou o aquecedor da sala.
Ontem, a aula foi focada em flexibilidade. A instrutora Fernanda é o máximo e fala tão docemente para a gente ficar na posição mais um pouquinho que nem percebemos que já se passaram quase cinco minutos que estamos em uma torção "quase impossível". Para finalizar a aula, uma "divertida", como chamamos o sirsasana, invertida sobre a cabeça. Estou conseguindo, estou conseguindo... Êba!
Abaixo, posto um link para um vídeo do Youtube em que fizeram uma montagem de um instrutor do Rio de Janeiro praticando yôga com o rosto do ator Márcio Garcia. A idéia era divulgar a novela Caminhos da Índia e, consequentemente, o yôga.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Quando estamos atentos

Os últimos posts fazem referência a uma fase de minha vida que, ultimamente, tenho lembrado bastante. Amigos de uma época, shows, determinados colegas de trabalho, faculdade, cursos, enfim, histórias que marcaram um período.
Quando estamos vivendo os acontecimentos, quando estamos imersos no dia a dia, muitas vezes, não percebemos o quão rica é uma experiência, o quão especial é um amigo e, até mesmo, o quanto um chefe nos faz crescer.
É comum estarmos tão alheios ao nosso redor, tão ensimesmados em nossas tarefas cotidianas, que deixamos escapar oportunidades de um contato maior com uma pessoa legal que está ao nosso lado, de dar um apoio e um carinho a mais para quem realmente merece.
Com o tempo, vamos aprendendo a dar mais atenção ao nosso entorno, a tirar os olhos dos livros, dos computadores, da TV, dos nossos problemas, para olhar mais atentamente o que acontece ao nosso redor, olhar mais atentamente às pessoas e os acontecimentos.
E, com isso, podemos perceber que o que fazia falta estava ali ao lado; o que achávamos que era pouco era, na verdade, muito; e que a tão almejada felicidade estava, sempre, dentro de nós mesmos, sem pieguice. O mundo é muito grande, mas cabe dentro de nós. O tempo passa rápido, mas é o suficiente quando estamos atentos!