sábado, 21 de novembro de 2009

O maltês e a pitbull


Toda noite é a mesma coisa. Assim que chego em casa, Frederico pula, querendo mostrar a guia vermelha em cima da mesinha da sala - como se eu não soubesse ou não lembrasse onde deixei a guia na noite anterior.
É quase um trabalho de monge budista acalmar o cachorro que pula, mesmo com luxação na patela traseira, e dá uns grunhidos para alertar que está quase soltando o xixi que guardou o dia inteiro para soltar pelas redondezas na tentativa de atrair alguma cachorrinha.
Coitado, mal sabe ele que já é castrado e que, mesmo se atrair alguma cadelinha, a relação vai ficar apenas na amizade mesmo. Li em algum lugar que mesmo castrados, os cachorros também copulam, mas achei isso bem improvável, apesar do meu cachorro ser muito hiperativo. Troco os sapatos por algo mais confortável, pego uns saquinhos plásticos para recolher as necessidades do fofucho e lá vamos nós para mais uma aventura. Sim, porque passear com meu cachorro é uma grande aventura.
Primeiro, descemos vários lances de escada, pois ele não suporta que outras pessoas entrem no elevador conosco. Ainda estou para descobrir se essa reação é algo para me proteger ou se é porque ele é mesmo antisocial. Então, para evitar aborrecimentos, já coloco o pimpolho para fazer uns exercícios físicos. Após os 11 lances de escada, finalmente, chegamos à portaria do prédio. "Não, Frederico, aí não!" Falo com firmeza para ele não sair demarcando toda a área social do prédio. Engraçado, isso ele atende e obecede. Mas, parar de latir loucamente quando alguém entra no elevador.... Ainda não consegui essa proeza.
Ah... a rua. Chegamos à rua. E é uma luta fazê-lo parar de puxar a guia. Um poste, outro poste e, com a bexiga mais vazia, ele se acalma e começamos o passeio propriamente dito até chegarmos a um estacionamento das redondezas. Lá, livre, leve e solta está uma pitbull que, para surpresa de todos, é mansinha, mansinha, mansinha. Um amor de cachorra. Mas, eu conheço a peça rara que crio dentro de casa e ele já quis encarar um rotwalleir da vizinhança. Então, coloco o Frederico no colo e atravessamos a rua, obviamente ao som de latidos de contradição.
Na volta, invariavelmente, o estacionamento está fechado e a pitbull encontra-se fora do alvo do pequeno maltês. É que o rapaz que trabalha no local me vê passando e resolve dar uma ajudinha prendendo o grande cachorro branco atrás do aramado do portão.
Como eu me divirto ao passar em frende do lugar. O Frederico todo agitado, querendo latir para a pitbull, querendo entrar no estacionamento para fazer sei lá o quê com a cachorra: morder, brincar, abanar o rabo, acasalar? Mas, o latido dele não sai, pois o dela é muitas vezes mais potente do que o latido dele. E ela abana o rabo com tanta força que dá prá ouvir do outro lado da rua.
Em seguida, após muitas tentativas de conter o Fred, consigo tirá-lo dali. Ele sai feliz, com um sorriso na cara, típico de missão cumprida. É, com certeza rola um caso de amor platônico entre o Frederico e a pitbull do estacionamento. Ainda preciso descobrir o nome dela.

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