segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O noir de Clint Eastwood em "A Troca"

Se você for assistir "A Troca", prepare o lenço de papel para enxugar as lágrimas. Dirigido por Clin Eastewood e roteirizado por J. Michael Straczynski, o filme é bem pesado, com cenas de hospital psiquiátrico, choques elétricos e assassinatos. Mas, a violência do filme não é gratuita, mesmo porque baseia-se em uma história real.

Ambientado no final dos anos 20, "A Troca" conta a história de Christine Collins (Angelina Jolie) que, ao voltar para casa após um plantão de sábado na empresa de telefonia da cidade de Los Angeles, não encontra seu filho de 9 anos. O telespectador já está adivinhando que isso vai acontecer pela maneira como o filho é filmado - em um travelling com a câmera se afastando da imagem do garoto sob o ponto de vista dos olhos da mãe. O garoto some e não o vemos mais.

O caso ficou famoso pela luta da mãe em encontrar seu filho e expor a corrupção do Departamento de Polícia de Los Angeles - o delegado que cuidou do caso era tão corrupto que, ao encontrar um garoto andarilho, fez com que toda a imprensa acreditasse que este era o menino que Christine procurava. A partir daí, a situação só se complica para ela. É impossível não fazer um paralelo com outro grande filme de Eastewood, "Sobre Meninos e Lobos", que também conta a história do desaparecimento de uma criança, no caso, uma menina.

E, por ser baseado em uma história real, a identificação com a personagem de Jolie é instantânea. Ela aceita o garoto impostor por imposição da Polícia, mas continua sua busca pelo filho desaparecido. A primeira coisa que me ocorreu foram as milhares de crianças desaparecidas no Brasil e as outras tantas mal-tratadas pelos pais. Sem falar na corrupção de nossa polícia. Apesar de ser um caso tão antigo e ocorrido em outro país, a sensação de dejavù é constante. Pelo menos, atualmente, não é mais necessário esperar 24 horas para começar a investigação de uma criança desaparecida.

A direção de Eastwood é um capítulo à parte. As cenas cheias de claro/escuro nos remetem aos filmes noir dos anos 40. Em várias cenas, vemos os olhos de Jolie escondidos pelo chapéu... recurso dos filmes da época. E o batom vermelho de Jolie... do início ao fim: recurso de linguagem para contrastar com o mundo masculino com que Christine foi obrigada a enfrentar.

E, tem também a participação sempre pontual de John Malkovich. Recomendo, vale a pena. Mas, leve o lencinho.

domingo, 25 de janeiro de 2009

"O Jogo do Anjo" - o veneno da vaidade dos escritores

Acabei de ler "O Jogo do Anjo" e ainda estou sob o efeito da magia da escrita do catalão Carlos Ruiz Zafón. Após várias paradas na leitura - por falta de tempo e também um pouquinho de preguiça - retomei a leitura, reli alguns capítulos para lembrar as características de alguns personagens, e consegui terminar a saga do jornalista David Martín, narrador e protagonista do romance, que aliás é muito bom.

Martín é um jovem escritor que vive em Barcelona na década de 20 e, aos 28 anos, desiludido no amor e na vida profissional, e com uma grave doença, aceita um convite irrecusável de um editor desconhecido que lhe oferece uma enorme soma em dinheiro. Esse trato com o editor estrangeiro muda sua vida e, misteriosamente, devolve-lhe a saúde. A partir daí, Zafón utiliza de vários recursos e técnicas narrativas, desde o descritivo até o jornalístico, para contar como o protagonista irá desvendar todo o segredo do editor e da misteriosa encomenda.

Acredito que todos que têm alguma experiência com a escrita e já tiveram seu nome publicado em algum texto sabem do que o personagem David Martín diz logo no início do livro: "Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço."

"O Jogo do Anjo" traz alguns dos personagens de "A Sombra do Vento", um dos melhores livros que li até hoje - ao lado de "Budapeste", de Chico Buarque, e "O Homem Duplicado", de Saramago. No entanto, o livro não é uma continuação de sua obra anterior e pode ser lido antes daquele. Como o primeiro livro "adulto" do autor, "O Jogo do Anjo" é uma histórias sobre escritores, livros, leitores e, também, o lado obscuro de todos nós.

Segundo o autor, a idéia é construir uma tetralogia em que as histórias de todos os volumes irão situar-se em algum período entre a revolução Industrial e o final da Segunda Guerra Mundial. "A Sombra do Vento" abrange a primeira metade do século XX e um pouco mais. "O Jogo do Anjo" faz referência a acontecimentos que vão desde 1904 e 1945. Nenhuma das obras será continuação uma da outra, podendo ser lidas de maneira independente.

No "Jogo do Anjo", o autor leva os leitores até o Cemitério dos Livros Esquecidos, a Livraria Sempere e Filhos e para a vida de alguns personagens do livro anterior. Diferente do anterior, este tem uma grande pitada de magia, espiritismo, espiritualidade e muitas mortes.

Maior lançamento do mercado editorial espanhol de 2008, "O Jogo do Anjo" chegou às livrarias do país com uma tiragem recorde de mais de um milhão de exemplares. No Brasil, primeiro país a publicar uma tradução do romance, o livro sai pelo selo Suma de Letras com tiragem inicial de 80 mil exemplares. Já lançado na Argentina, Chile, Colômbia e México, a obra figura no topo das listas de livros mais vendidos desses países.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Shock the Monkey

Hoje acordei com essa música na cabeça.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

50 anos do selo Motown Records

Há exatos 50 anos o produtor Berry Gordy tomava emprestado US$ 800 emprestados de sua família para gravar um disco de Marc Johnson, um cantor de Detroit. A empreitada deu tão certo que a música "Come to Me" (1959) chegou ao Top 30 das paradas americanas e Gordy fundou o que seria o selo da música soul, a Motown Records.

O selo musical lançou carreiras de estrelas como Stevie Wonder, Al Green, Diana Ross, Marvin Gaye, Lionel Richie, Jackson Five, entre tantos outros e é até hoje lembrado pelos fãs de soul, R&B e outras vertentes da música negra americana. O primeiro sucesso da Motown foi "Money - That's I Want".

A Motown emplacou cerca de 200 músicas na parada de singles dos Estados Unidos. Sucessos que viriam a fazer parte da trilha sonora da vida de milhões de pessoas. A Motown tornou-se, então, uma fábrica de hits.

Em 1972, Gordy decidiu expandir o negócio e transferiu a gravadora para Los Angeles. Muitos acreditam que a mudança de endereço fez com que a gravadora perdesse suas características originais.

Depois da transferência, entrou em declínio, mas manteve sua independência até junho de 1988, quando Gordy vendeu a companhia para a MCA e Boston Ventures e, mais tarde, para a PolyGram, em 1994. Hoje, a Motown é uma subdisiária do Universal Music Group.

Atualmente, a antiga casa do empresário é um museu e os visitantes podem conhecer o famoso Studio A, intacto, com seus instrumentos e gravadores.

Para conhecer um pouco mais sobre o selo Motown, visite a página: http://classic.motown.com.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Never, Never Gonna Give You Up

Boa aquisição

Estava passeando por uma galeria na Vila Mariana e encontrei uma lojinha de CDs, dessas antigas, que tem até vinil na prateleira e encontrei um CD maravilhoso da Lisa Stansfield. O CD leva o mesmo nome da artista e é uma edição remasterizada de um álbum que ela lançou em 1997.

Esta edição, de 2003, contém 17 músicas, três a mais do que aquele lançado em 1997 e a maioria é bem dançante. Entre as melhores, na minha modesta opinião, estão: "Never, Never Gonna Give You Up", "The Real Thing", "The Line". Mas, pensando bem, o CD inteiro é muito bom e faz tempo que não compro um assim, com todas as faixas tocáveis e dançantes.

Fiquei ainda mais feliz, pois achei também uma coletânea do Marvin Gaye muito, muito boa mesmo. E, além disso, o dono da loja fez um precinho super camarada já que não tinha a máquina prá passar o cartão. É bem isso: nada como uma boa caminhada prá encontrarmos boas pechinchas e raridades. Esse CD da Lisa eu não tinha visto em nenhuma outra loja do grande circuito. No próximo post você pode assistir um vídeo dela. Enjoy yourself.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Fôlego total para 2009

Em dezembro, não escrevi uma linha neste blog.... Vários foram os motivos: correria de final de ano; pesquisa de preços para a compra das lembracinhas - afinal os comentaristas econômicos falam sobre a crise todos os dias e acabei acreditando que vamos sofrer, sim, com a irresponsabilidade dos americanos que criaram uma bolha imobiliária que acabou estourando; o inevitável amigo secreto da "firma" e, finalmente, o aniversário - que me fez pensar em várias coisas mas, ao invés de trazer palavrinhas para colocar no papel, trouxe pensamentos, pensamentos, pensamentos.
E, para escrever, não bastam apenas os pensamentos. É preciso juntar uma palavrinha com outra, com outra, com outra, assim c0mo fazemos quando costuramos uma colcha de retalhos. Não basta apenas um pedaço de pano, mas sim vários pedaços de pano, de várias peças de roupas e, quando vemos, a colcha está pronta.
Mas, em dezembro, os pedaços de pano não estavam se juntando. Eles estavam soltos e não viravam colcha... Não viravam textos. Então, o ano acabou sem um "adeus" neste blog. Talvez a dificuldade maior seria acreditar que mais 366 dias haviam passado - já que 2008 foi ano bissexto, e mais uma folhinha estava sendo trocada.
O aniversário, junto com a virada de ano, realmente me fez pensar sobre a passagem do tempo. A inexorável passagem do tempo. Implacável para todos. Não é apenas o tempo que passa que me faz pensar, mas todos os acontecimentos que vivi, as pessoas que conheci, os conhecimentos que adquiri, as verdades em que acreditei. Ou melhor, tudo isso no presente: os acontecimentos que vivo, as pessoas que conheço, os conhecimentos que adquiro e as verdades em que acredito.
Mas, a vida não é feita apenas de pensamentos, mas também de ação. Principalmente de ação. Então, resolvi sentar em frente ao computador e tentar escrever alguma coisa. A escrita, como tudo na vida, depende da ação, do trabalho, de transpiração. Como aprendi na faculdade: um texto bom depende 90% de transpiração e 10% de inspiração.
Que 2009 seja um ano de muita transpiração, mas também de inspiração. Tenho fé em Deus que serei afortunada e terei mais de 10% de inspiração. É isso aí: fôlego total para 2009. Para todos nós.