sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Corpo das Mulheres - Documentário italiano

O documentário "Il Corpo Delle Donne" ("O Corpo das Mulheres"), de Lorella Zanardo, mostra como as mulheres italianas são retratadas na mídia do País. Assistindo às imagens, é possível perceber que não é somente na Itália que a TV usa a imagem as mulheres para vender produtos e obter melhores índices de audiência.

No Brasil, a imagem feminina também é usada à exaustão com intento totalmente mercantilista e machista. A narração do documentário está em italiano e pretendo inserir legendas em português. Prometo que em um próximo post os vídeos estarão legendados. No entanto, as imagens falam por si mesmas!





sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sem máscaras

Não sou superficial. Gosto de ir fundo nas emoções, no sentir e no amar. Não gosto de pessoas medrosas, rasas, que têm medo de se expor e de dizer o que sentem. Prá que tanto disfarce, tanta máscara, tanta gente blasé?

Você não é somente uma foto no Orkut, um texto deixado no twiter ou uma roupa da moda. Você é gente. E, gente tem medo, sofre e tem insônia. Gente tem problemas, dúvidas, anseios e sono. Gente sente cansaço, se irrita e se frustra.

Não entendo nada sobre celulares. O meu é antigo e serve para o que foi proposto: falar com outras pessoas. Não entendo nada de baixar filmes, programas ou converter imagens. Uso o computador da mesma forma como usava desde que essa geringonça surgiu: para escrever e mandar emails.

O que me importa não é a tecnologia ou a última geração de gadgets lançados. O que me importa é a troca de olhares, de afeto e afago. Um abraço bem apertado e a cumplicidade conquistada entre duas pessoas.

O culto à imagem, ao superficial e ao efêmero não me agrada. Sou de outra geração, embora não pareça a idade que tenho. Sou old fashioned, embora vista roupas da moda. Sou antiquada no que se refere às relações humanas.

No entanto, não sou certinha. Não cumpro um roteiro pré-estabelecido. Não sou simples.
Não tenho intenção nenhuma de ficar agradando aos outros, nem de parecer o que não sou. Sou complexa, cheia de grilos e de questões.

Por fora, pode até parecer que sigo uma bula. Afinal, sou ansiosa e gosto de deixar tudo marcado e agendado com hora certa. Acordo cedo, arrumo tudo e deixo comida pro cachorro. Mas, como adoro uma contradição, esqueço de olhar as horas, me perco nos minutos e chego atrasada.

No trânsito dou passagem, sou gentil e deixo os transeuntes atravessarem a rua. Mas, não venha me fechar, não venha com má-educação ou dando uma de esperto. Porque sou brava, sou arretada e sei quais são os meus direitos.

Sou uma eterna apaixonada pela vida e pelas emoções inteiras. O que é metade não me agrada. E, eu não quero. Não quero ao meu lado pessoas divididas, apreensivas, fúteis ou dissimuladas. Sou transparente, sou sincera e leal. Portanto, faço questão que retribuam da mesma maneira. 

Tudo o que é metade eu jogo fora. Meio amigo, meio namorado, meio amante.... Isso não vale nada, não presta para nada. Nem como ideia para novela mexicana. Os personagens da minha vida são envolventes, se entregam, são inteiros e íntegros. Assim como eu, o personagem principal.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Freud deve entender....

Que comédia.
Tem gente que entra em sites de relacionamento, como o Facebook e o Orkut, enche o álbum de fotos de viagens e comentários de todos os tipos e, quando você comenta que está acompanhando a sua viagem e seus passeios pelo álbum, a pessoa fica melindrada, tira todas as fotos do álbum ou te bloqueia.................. tsc tsc tsc.
Uééééééé......... esses sites são públicos (assim como o meu blog) e, conseqüentemente, as fotos também são públicas. Se você não quer que seus contatos vejam suas fotos, não as publique nesse espaço. Se você não quer se sentir vigiado, não entre nesse tipo de rede de relacionamentos. Se você vê pessoas te perseguindo por todos os cantos, vai procurar um psicólogo!
Quero distância de pessoas assim. Já falei em um post anterior e volto a repetir. Para ser meu amigo, tem que ter confiança. Confiança mútua. Se você tem mania de perseguição, vai se tratar, o Mané!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Hiatos e reticências...

Hoje eu gostaria de escrever linhas e linhas sobre o amor.
Mas o que vem à página em branco são apenas hiatos e reticências....


                                                                 Pipa - Natal (RN)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A film review: Inception

Sometimes my English teacher asks me to write about movies, books or something else in order to improve my writing skills. I've just posted a review I've written about "Inception", a film from Christopher Nolan that I liked very much. I've written something else in Portuguese and I've already posted it. But, to my English course, I've decided to write something different.           _________________________________________________

 “Inception" is a Christopher Nolan’s film that talks about dreams and their importance in our lives. Its importance has been showed not only as Freud said in the past in his psychology theory, but steps forward: that an idea can be inserted in the brain while someone else is asleep. When this person awakes, he/she will think that the inserted idea is his/hers.

When “Inception” starts we get to know that corporate spy-for-hire Dom Cobb (Leonard DiCaprio) steals ideas in dreams and he is good at doing that. But now he was hired to achieve the impossible: inception - planting an idea in the mind of a rich guy who will receive an inheritance from his father and will be the director of an important industry. But this plan has a lot of risks and if he fails he will be trapped forever. If he succeeds, he can see his estranged children.

Cobb and Arthur (Joseph Gordon-Levitt) have developed a technology that allows them to get inside the subconscious mind of someone else and poke around in dreams. It’s not an easy thing to access someone’s dream, plugging themselves into someone’s brain and so forth. Cobb’s cohorts - played by Tom Hardy (Eames), Ellen Page (Ariadne) and Dileep Rao (Yusuf) – have come from various areas of expertise and did all they had in hands to make the plan work. Ken Watanabe (Saito) is the client who has hired Cob and his team and Cillian Murphy (Robert Fischer Jr.) is the target (the rich guy).

The special effects in the movie are very good and related to the story. Nothing is just to show off. Most of the film takes place in various people’s subconscious minds, and these dreamscapes are presented like real life, although they are weird. The people and objects are familiar; they just behave in unusual ways. Manipulating reality like this can be more exciting than using computers to play Farmville, and it’s more in line with what our real dreams are like anyway.

Behind the action in the film, there is an emotional side to all of this. DiCaprio’s character has grief issues that are superficially similar to those of his “Shutter Island” character (Martin Scorcese film). Mal (played by Marion Cotillard) is his dead wife who appears on the screen to remember him something he doesn’t want to realize. She appears with the La Vie en Rose (by Édith Piaf) soundtrack and it’s the film’s main puzzle. She is not, however, exactly a character in “Inception”. She’s a kind of Cob’s subconscious projection.

I liked it so much and think that it was the best film I’ve ever seen in years. I’m not the kind of person who likes action movies, but this one has a very good plot and good sequences, as the low-gravity part. The special effects are not there to fill spaces. They are part of the story and important to the viewers’ comprehension. Besides this, the soundtrack signed by Hans Zimmer is wonderful and so important to the action.

Christopher Nolan worked in this movie for almost 10 years and to do those scenes and special effects he and the production staff needed to travel to several countries, such as France, Japan, England and Morocco. The movie had a big investment and I do recommend it.

Who cares?

Let's laugh a little bit without worrying if these ads are politically correctly.
They were banned from TV after a lot of complaints. But, who cares?



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pevenção aos acidentes de trânsito

No Teleton deste ano (2010), levado ao ar pelo SBT, o jornalista Roberto Cabrini trouxe ao público uma campanha muito comovente de prevenção aos acidentes de trânsito. A campanha foi lançada no fim do ano passado na Austrália pela TAC (Transport Accident Commission - Comissão de Prevenção de Acidentes e Transportes da Austrália), em comemoração ao aniversário de 20 anos.

Não conhecia essa campanha da Austrália, mas pelo que li na internet, o trabalho levou a inúmeros acessos do público ao canal da TAC no Youtube (www.youtube.com/tac) desde que caiu nas redes sociais, transformando-o em um dos canais privados mais vistos, com mais de 3 milhões de acessos. O vídeo foi premiado com o Golden Pencil, entregue pelo júri especializado da One Show, premiação realizada na cidade de Nova Iorque.

A grande reação do público se dá pela junção das imagens mais memoráveis exibidas pelas campanhas da TAC, incluindo cenas de acidentes, pacientes com trauma e o drama das famílias que perderam um ente querido. Pesquisei um pouco mais e percebi que no País existem inúmeras outras campanhas tão impactantes quanto esta.

Acredito que as campanhas de prevenção aos acidentes de trânsito aqui no Brasil deveriam ter esse mesmo impacto. É pela força das imagens que as pessoas percebem que um acidente de carro ou um atropelamento podem ter conseqüências gravíssimas para o acidentado, sua família e ao próprio causador do acidente. Se no acidente o motorista estiver embriagado, a responsabilidade aumenta ainda mais.

Me sinto mais do que na obrigação de compartilhar este vídeo com vocês, pois tenho um parente muito próximo que foi vítima fatal de atropelamento. A conscientização é o primeiro passo para que o número de vítimas do trânsito diminua no Brasil.

Informações coletadas do: Portal CampaignBrief.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vincent - Animation (1982)

Take a look in a short animation from Tim Burton. Awesome!



In Tim Burton’s short animation from 1982, Vincent, we hear the voice of Vincent Price, famed horror actor, telling the story of little Vincent and his morbid tastes and dark imagination. The story is told as a rhyming poem that mimics the rhythm and style of Edgar Allen Poe’s “The Raven.” This semi-autobiographical animation creates a purposely melodramatic portrait of a creative boy possessed by his imagination, unable to distinguish between the worlds of his books and reality. The horror overtones are deliciously undercut by the simple fact that little Vincent is only seven years old, experiencing the torments, hallucinations, and obsessions worthy of Poe himself. (http://www.escapeintolife.com/)

Em Vincent (1982), curta de animação de Tim Burton, ouvimos a voz de Vincent Price, famoso ator de filmes de terror, contando a história de Vincent e seus mórbidos gostos e imaginação fértil. A história é contada em rimas de poema que copiam o ritmo e estilo de Edgar Allan Poe em “The Raven” ("O Corvo" - http://www.heise.de/ix/raven/Literature/Lore/TheRaven.html). Esta animação semi-autobiográfica cria propositadamente o retrato melodramático de um jovem garoto possuído por sua imaginação, incapaz de distinguir entre o mundo dos seus livros e a realidade. O tom de terror torna-se deliciosamente entrecortado pelo simples fato de que Vincent tem apenas sete anos, experimentando tormentos, alucinações e obsessões característicos de Edgar Allan Poe. (tradução livre: Juliana Parlato)

Vincent *A poem by Tim Burton*

Vincent Malloy is seven years old
He's polite and always does as he's told
For a boy his age, he's considerate and nice
But he wants to be just like Vincent Price

He doesn't mind living with his sister, dog, and cats
Though he'd rather share a home with spiders and bats
There he could reflect on the horrors he has invented and wander dark hallways alone and tormented

Vincent is nice when his aunt comes to see him
But imagines dipping her in wax for his wax museum
He likes to experiment on his dog Abocrombie
In the hopes of creating a horrible zombie
So that he and his horrible zombie dog
could go searching for victims in the London fog

His thoughts aren't only of ghoulish crime
He likes to paint and read to pass some of the time
While other kids read books like "Go Jane Go"
Vincent's favorite author is Edgar Allan Poe.

One night while reading a gruesome tale
he read a passage that made him turn pale
Such horrible news he could not survive
For his beautiful wife had been buried alive

He dug out her grave to make sure she was dead
Unaware that her grave was his mother's flower bed
His mother sent Vincent off to his room
He knew he'd been banished to the tower of doom
where he was sentenced to spend the rest of his life
alone with the portrait of his beautiful wife.

While alone and insane incased in his doom
Vincent's mother burst suddenly into the room
She said, "If you want, you can go out and play
It's sunny outside and a beautiful day."

Vincent tried to talk but he just couldn't speak
the years of isolation had made him quite weak
So he took out some paper and scrawled with a pen:
"I'm possessed by this house and can never leave it again."

His mother said, "You are NOT possessed and you are NOT almost dead
These games you play are all in your head
You are NOT Vincent Price, you're Vincent Malloy
You're not tormented or insane, you're just a young boy
You're seven years old, and you are my son
I want you to get outside and have some real fun."

Her anger now spent, she walked out through the hall
While Vincent backed slowly against the wall
The room started to sway, to shiver and creak

His horrored insanity had reached its peak
He saw Abocrombie, his zombie slave
and heard his wife call from beyond the grave

She spoke through her coffin and made ghoulish demands
While through cracking walls reached skeleton hands
Every horror in his life that had crept through his dreams
swept his mad laughter to terrified screams

To escape the badness, he reached for the door
but fell limp and lifeless down on the floor
His voice was soft and very slow

As he quoted "The Raven" by Edgar Allan Poe:
''And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted... Nevermore.''

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

How Many Loves

Quantos amores fazem uma vida?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Malafemmene

Meu lado novelístico aflorando...
Essa música é linda e retrata bem o perfil dos personagens da novela. Eles são apaixonados, é verdade. Mas, não valem um tostão! Só o Totó se salva naquele covil.

Ai, ai.... saudades da Itália. De Florença, então!!!!!!

Pérolas aos porcos

Há algum tempo penso nessa questão: doar-se demais a quem não merece. Não, não estou falando de relacionamentos amorosos. Estou me referindo a todos os tipos de relacionamento em que somos muito legais, simpáticos e presentes e outro não devolve da mesma maneira.

Parece que tenho uma certa tendência em fazer amizades com pessoas assim, que não dão muito valor ao que ofereço. Não sou um capacho e não estou dizendo que estendo tapetes vermelhos para aqueles que gosto. Mas, talvez esteja me expondo demais nas amizades, falando demais o que penso e me dispondo muito a ouvir. E, não sinto que a recíproca seja a mesma.

Não estou me referindo a esta ou aquela pessoa. Mas, sinto que é um lance que acontece com alguma frequência. Quando era ainda menina, minha mãe sempre dizia que eu deveria ser mais esperta em relação às amizades. Houve uma vez que uma amiguinha do bairro foi lá em casa e brincamos com minhas bonecas, entre elas uma bonequinha que era meio índia - coisa rara em uma época que só Barbies e Susies faziam sucesso entre as meninas. Essa boneca tinha cabelo muito comprido e minha mãe tinha o maior xodó pelo brinquedo, pois um amigo do meu pai a tinha comprado no exterior para me dar.

Essa “amiguinha” já havia pedido a boneca para mim algumas vezes. Lógico que não dei a boneca para ela, mas deixava ela brincar quando ia lá em casa. Olhem o que a menina inventou um dia: uma sessão de cabeleireiro para as bonecas e claro uma tesourada no cabelo comprido da indiazinha (!). Eu tinha uns oito anos, se não me engano, e fiquei meio chateada na hora, mas a menina era esperta e explicou que aquele corte estava na moda. “Tudo bem”, pensei. “Minha amiga sabe das coisas.” Quando minha mãe viu o estrago que a dita cuja fez na boneca ficou tão chateada que disse: “você é uma boba e suas amigas te fazem de pastel!”

O que quero dizer é que, tirando o corte de cabelo ridículo na boneca, isso ainda acontece comigo. Muitas vezes, ouço os outros, ofereço um ombro amigo, mando currículos para aqueles que estão procurando emprego, conselhos para aquelas que estão chateadas com o namorado, conto piadas para levantar o humor de quem perdeu um ente querido, relevo um mal-entendido que ficou no passado e retorno à amizade, e uma infinidade de outras ações que se eu ficar contando vão achar que estou contando vantagens ou que quero ser a Madre Teresa de Calcutá. 

Também não estou querendo me passar por vítima. Entendam isso como um desabafo. Puxa, amigos são amigos e parto do princípio que posso contar com essa pessoa se estiver chateada, certo? Nem sempre. Em uma amizade está implícita lealdade e cumplicidade, o que significa que inveja, competição e coisas do gênero ficam de fora, certo? Nem sempre em se tratando desses casos. Duas pessoas que se dizem amigas são tolerantes e tudo o mais, mas quando você não gosta de determinadas atitudes da pessoa você pode falar abertamente, certo? Sim, se a amizade for verdadeira.

Joguinhos, competição, fingir que é cúmplice para sumir ao primeiro vento desfavorável... Isso não está previsto em uma amizade verdadeira. Se essas coisas estiverem presentes em um relacionamento, isso pode ser tudo, menos amizade.  É claro que tenho bons amigos, amigos de verdade e leais, graças a Deus. Estou me referindo àquelas pessoas que se mostram amigas por interesses excusos, ou sei lá o quê, e depois somem, mudam o comportamento, passam a agir com certa arrogância ou ar de superioridade. Mas, também, não vou ficar me alongando porque pessoas assim não merecem nem que tivesse escrito uma linha.

Na verdade, esse texto é um exercício de aprendizado. Um aprendizado para eu realmente ficar ligada e cair fora quando perceber que estou lidando com gente assim. 
 Vou tomar meu chá de “simancol” e serei mais “esperta” daqui para frente. São muitos anos desde o incidente com a boneca que teve o cabelo cortado estilo moicano e eu já deveria ter aprendido a lição.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Resposta ao Tempo - Nana Caymmi

Música linda!

Luz, câmera, ação!

Dias de sol

Fotos para a série "Dias de Sol no SBT". Estrelando: Pingo, o cachorrinho da gravata marrom!


Reparem nas patinhas dele.... Não é o jogo dos 12 erros, não! É o Pingo... rsrss.



Curtindo o sol

A câmera está tão tremida que parece a Bruxa de Blair versão SBT.... rsrsrs.
Atenção ao diálogo nonsense... Ahahahaha... a gente se diverte na hora do almoço.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ira provocada pelo descaso público


Não sou carioca, mas compreendo a ira dele. Realmente, estamos precisando de alguns Michael Moore(s) aqui no Brasil para escancarar os podres do Legislativo, Executivo e Judiciário.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A cultura da malandragem - ou o porquê da população votar em Tiriricas e Netinhos


Os dias de rodízio do meu carro são uma verdadeira aula sobre a cultura da malandragem do povo brasileiro. Nesses dias, após o percurso feito no fretado da empresa, pego o metrô e faço algumas baldeações até chegar ao meu destino. Esse trecho que ando de metrô vale como uma lembrança do mundo em que vivo.

A realidade verdadeira não é aquela do som ligado e do ar condicionado dentro do carro. A realidade é essa dos dias de rodízio. Como se a realidade batesse na minha cara toda vez que pego o transporte público.

O metrô em São Paulo, apesar de ser um dos melhores meios de transporte do Brasil, ainda deve muito ao cidadão. As aglomerações nas plataformas de embarque e desembarque são monstruosas mesmo após o horário de pico e a falta de educação do povo é absurda.


Os homens entram em disparada dentro dos vagões e não se importam em ceder o lugar a um idoso, mulher grávida ou pessoa com deficiência física. Os homens, e estou me referindo a rapazes, jovens saudáveis, querem sentar e sentam. Ponto final!

Mas, o pior nem é isso. Pior são as conversas que ouço nesses dias. Meu Deus! Como o povo brasileiro é desinformado. Essa semana tive o desprazer de ouvir uma senhora dizendo que o Netinho, o tal candidato a uma das vagas ao senado de São Paulo, tem mesmo que ser eleito. Ela dizia: “Ah, dizem que ele bate em mulher. Eu apanhava dele de manhã, de tarde e noite. Tem tanta mulher aí que apanha de homi feio e pobre. Pelo menos, ele é bonito.” (sic).

A filha dessa senhora começou a falar do Tiririca. Nesse momento, eu já estava querendo atirar aquelas duas do vagão. Olhem o discurso: “O Tiririca tem mesmo que ganhar. Ele não está prometendo nada e vai ganhar. É isso mesmo. Na simplicidade ele vai chegar lá.”

Em seguida, a conversa partiu para uma tal conhecida delas que, como elas, era da ZL (Zona Leste) e casou com um senhor bonito e rico. Pela história, a tal aplicou o golpe da barriga e, agora, tem um caso com um faxineiro que “dá no couro”.

A conversa, do início ao fim, refletiu bem a tal cultura da malandragem que ainda impera no País. Em nenhum momento percebi um fio de coerência no que elas falavam. E, pior ainda, outros passageiros entraram no papo e concordavam com as duas. E, elas enalteciam o fato de serem do povão. Enfim, o diálogo era recheado de chavões e clichês, sem um item que justificasse de maneira racional o que elas diziam.

Nessa breve viagem, pude perceber o porquê dos altos índices de intenção de voto que os candidatos citados estão apresentando nas pesquisas. O povo não se informa sobre os candidatos, não sabe o que eles fizeram em cargos anteriores, não acompanha a vida política do País e acha que votar em um Tiririca é uma maneira de colocar alguém para representá-lo no Poder.

Puxador de votos

O que a maioria dos eleitores do Tiririca não sabe é que o PR - Partido da República, que nasceu da fusão do PL com o Prona – está usando Tiririca como puxador de votos para levar outros candidatos da mesma legenda para a Câmara dos Deputados. O investimento do partido no candidato foi enorme, sendo que dos R$ 516 mil, R$ 350 mil veio do fundo do partidário e R$ 166 mil de “outros recursos”.

E, no entanto, Tiririca mal sabe ler e escrever.... A denúncia do Ministério Público de que ele é analfabeto foi rejeitada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) já que a legislação eleitoral não exige que os candidatos possuam mediano ou elevado grau de instrução, mas apenas tenham noções rudimentares da linguagem pátria.

Entendo que isso é previsto na legislação para evitar elitismo no Poder, mas daí aceitar que um semi-analfabeto seja candidato já é demais. Além do mais, a maioria das pessoas que votará nele nem sabe por qual partido ele está se candidatando, que projeto de governo ele apresentou e, menos ainda, qual bandeira o PR levanta.

Agora, vamos ao Netinho de Paula. Candidato ao Senado pelo PC do B, ele divide a liderança na disputa com a também candidata Marta Suplicy (PT). Conhecido por espancar a ex-companheira Sandra Mendes, em 2005, ele costuma chamar esse episódio de “pontual”, como que tentando abrandar a agressão. Se é que isso é possível.

No entanto, em 2002, ele já havia sido processado pelo Ministério Púbico sob acusação de ter dado uma chave de braço em uma supervisora de uma extinta companhia aérea. Como punição, ele foi obrigado a pagar 100 latas de leite em pó. No episódio com a ex-companheira, ele teve que desembolsar uma quantia mais considerável, que não foi publicada no Diário Oficial.

Tudo bem que o “Fenômeno Tiririca” deve-se, em parte, à frustração dos eleitores com os políticos e suas propostas nem sempre cumpridas. Mas, o que um Tiririca tem a acrescentar ao cenário político atual?

Pela biografia postada em seu site oficial, Tiririca é uma pessoa esforçada. Ele começou a trabalhar aos 8 anos de idade vendendo doces e, em seguida, iniciou a trajetória artística como palhaço, equilibrista, malabarista e mago. Mas, o que ele vai oferecer à população?

De seu programa político pouco se sabe além da ideia de luta pela aprovação de projetos que beneficiem a população do Nordeste e defesa dos trabalhadores da construção dos abusos de seus empregadores. Também fala vagamente em lutar pela ampliação de programas sociais e criar comissões parlamentares para a defesa dos direitos humanos e educação.

Sem qualquer tipo de experiência política, em uma entrevista concedida a uma emissora de TV, ele disse que tinha uma boa equipe o auxiliando “por trás”... É, infelizmente, pior do que está dá para ficar sim.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

No stress

Ainda falta algum tempo para eu chegar aos 40 anos. Mas, é impressionante como o avançar da idade traz ao corpo algumas esquisitices, como uma dor aqui e outra acolá, uma maior freqüência ao médico e exames de saúde mais rotineiros. Tudo bem, estou meio sedentária este ano. Troquei as aulas de yôga pelas aulas preparatórias para obter um certificado de fluência em inglês.

Foi uma troca necessária, mas não sem que eu lamentasse. Até hoje lamento por ter feito essa troca. Mas, convenhamos.... posso caminhar no parque aos finais de semana – como, aliás, estou fazendo; posso descer 11 andares de escada para levar meu cachorro para o passeio de 30 minutos – como faço quase todo dia (é bom para ele e é bom para o meu coração); e, posso voltar para a academia que tem no trabalho – algo que deveria ter feito, mas não fiz ainda (tsc tsc tsc).

No entanto, lidar com espinhas é uma novidade para mim. Minha adolescência foi tranqüila nesse sentido. Tinha amigas que sofriam com acne e aquilo era um tormento para elas. Mas, nunca passei por isso. E, agora, quem diria, estou às voltas com uma espinha aqui e outra acolá. Às vezes, várias aqui e várias acolá.

Nessa altura do campeonato, o certo seria estar sofrendo com rugas, linhas de expressão, procurando dermatologista para perguntar sobre botox e coisas afins. Mas, olhem só: o meu problema são as espinhas. É certo que li em algum lugar que os cremes antiidade podem provocar espinhas. Afinal, são mais oleosos e espessos. Ah... o stress também pode provocar acne.

Então, quer dizer que se encontro uma nova linha de expressão no meu rosto não posso me estressar para não correr o risco de ter espinhas? E, não posso ficar estressada com as espinhas, pois corro o risco de ter novas amigas rugas no dia seguinte? E, não posso colocar muito creme antiidade e protetor solar no rosto, pois será um campo fértil para as espinhas?

Que complicação! E, ainda tem o chefe, o trânsito, os homens e etc, etc, etc.... É muita coisa para me deixar estressada. Acho que preciso de um mês em Cancun! rsrsrs

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Homenagem ao Malandro



Eu fui fazer um samba em homenagem
À nata da malandragem
Que conheço de outros carnavais

Eu fui à Lapa e perdi a viagem
Que aquela tal malandragem
Não existe mais

Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social

Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal

Mas o malandro pra valer
- não espalha
Aposentou a navalha
Tem mulher e filho e tralha e tal

Dizem as más línguas que ele até trabalha
Mora lá longe e chacoalha
Num trem da Central.

Chico Buarque/1977-1978
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Origem


Ao final de "A Origem" pensei: "não será fácil escrever sobre esse filme". Primeiro, porque o filme fala sobre sonhos, inconsciente, subconsciente e esse tema, por si só, não é simples. Segundo, porque o filme pode ser abordado sob o prisma da semiótica, que  é mais complexo ainda. Terceiro, porque o impacto que a história causou em mim foi tão grande que achei que seria impossível colocar isso no papel.

No entanto, ao fim de uma semana de assimilação, já consigo escrever algo sobre o filme. "A Origem" fala sobre simulacros, sobre o que é verdade e o que é mentira, o que é sonho e o que é realidade. Como seria nossa vida se nossas escolhas fossem diferentes? O que eu vejo é real ou fruto da minha imaginação? A nossa realidade é construída a todo instante a partir de ideias e o diretor e roteirista Christopher Nolan lança uma ideia e faz o público acreditar nela. O trailer do filme já dá dicas disso quando anuncia que a cena do crime é a própria mente do telespectador. Hum.... bem interessante, não é?

Em "Inception", nome original do filme, Leonadro DiCaprio é Cobb, um cara que se especializou em roubar informações importantes de pessoas importantes. Ele ganha dinheiro fazendo isso e tem uma equipe que o ajuda. O roubo é possível pois o grupo tem uma máquina - cujo funcionamento não é explicado, mas que entendemos perfeitamente como funciona - que possibilita que a equipe entre na mente de seus alvos enquanto eles estão dormindo e roube a informação. Mas, dessa vez, Cobb é contratado por Saito (Ken Watanabe) para uma missão mais complexa: inserir uma ideia na mente do filho de um magnata (Cillian Murphy) que está prestes a receber uma grande herança do pai que está morrendo. 

A grande sacada do filme é mostrar que o grupo pode criar sonhos dentro de sonhos. A responsável pela construção dos sonhos é a arquiteta Ariadne, interpretada por Ellen Page, que é uma das melhores alunas de arquitetura em uma faculdade em Paris. A equipe conta também com Arthur (Joseph Gordon-Levitt), parceiro e amigo de Cobb. Ele é o personagem encarregado de fazer as coisas acontecerem nos sonhos. E, por fim, o grupo conta com o falsificador Eames (Tom Hrady), que durante os sonhos assume formas de outras pessoas, confundindo o subconsciente de seus alvos; e Yusuf (Dileep Rao), químico que cria uma droga sedativa muito potente que possibilitará ao grupo ir em níveis mais profundos do subconsciente do filho do magnata e também criar os sonhos dentro de sonhos.

No entanto, não será nada fácil para o grupo alcançar seus objetivos, pois Cobb tem um passado obscuro que vem à tona na figura de Mal, sua esposa falecida interpretada por Marion Cottilard, que está perfeita no papel. Ela aparece nos sonhos sem ser convidada pois, apesar de todo o projeto de implantação da ideia ser milimetricamente planejado pelo grupo, eles têm que lidar com imprevistos que nada mais são do que as projeções do subconsciente de quem está sonhando. 

A trilha sonora assinada por Hans Zimmer é maravilhosa e importantíssima para o desenrolar da história. Afinal, o grupo sai dos sonhos por meio da música. E, a música escolhida para o "kick" - indicador de que o tempo do sonho acabou e que está na hora de voltar para a realidade - é "Non, Je ne Regrette Rien", de Edith Piaf. Aliás, referência ao trabalho e Cottilard em "Piaf - Um Hino ao Amor".

Por esse breve resumo já deu para perceber que a história não é simples. E, não é mesmo. "A Origem" não é para mentes preguiçosas. A todo instante nos perguntamos: "eles estão dentro de um sonho ou estão na realidade?". "A Origem" é para ser visto com atenção, sem desgrudar os olhos da tela um minuto. O que não é difícil já que os efeitos especiais são impressionantes.

Não vou me alongar, pois "A Origem" é cheio de referências e subtextos impossíveis de serem apreendidos em apenas uma sessão. Mas, posso garantir: o filme é excelente. Saí do cinema com a impressão de que a realidade na verdade é um sonho, ou melhor, de que a realidade pode ser um sonho. Isso, para dizer o mínimo. Com certeza, é um divisor de águas na história do cinema, assim como "Matrix" foi em 1999.









quarta-feira, 4 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

14º Festival de Cinema Judaico



Esta semana acontece o 14º Festival de Cinema Judaico. Após 14 anos, o evento tem agenda fixa na cidade de São Paulo e, este ano, a programação abrange filmes de diversas origens, entre documentários e ficção. Além dos israelenses e dos nacionais, os títulos selecionados vêm dos Estados Unidos, Alemanha, México, Austrália, e outros países. Entre os nomes mais conhecidos, estão: "Wonderful World", com Mathew Broderick, sobre um cantor folk pessimista; e o curta "Avós", do uruguaio radicado em São Paulo, Michael Wahrmann, selecionado na edição de 2010 do Festival de Berlim.

O festival traz ainda uma mostra especial sobre a República Tcheca, com três títulos: "Por Dentro da Mala de Hanah" e "As Deportações Esquecidas", relacionados ao Holocausto; e "Sem Fronteiras" Lise Forell", documentário sobre uma pintora de origem tcheca que vive no Brasil. Outra parte da programação traz o tema Fé. Diante da grande produção de filmes cujo tema é a religião, a curadoria deste festival abriu um módulo especial. Entre os filmes que abordam o tema está o documentário "Jubanos – Os Judeus de Cuba", que conta a história dos 1.500 judeus que, apesar das dificuldades, permaneceram em Cuba depois da revolução de 1961.   

14º FESTIVAL DO CINEMA JUDAICO:
Quando: de 1º a 7 de agosto de 2010
Onde: Hebraica (Rua Hungria. 1000);
Cinesesc (Rua Augusta, 2075);
Centro de Cultura Judaica (Rua Oscar Freire, 2500);
Cinemark/Higienópolis (Av. Higienópolis, 618);
Teatro Eva Herz (Livraria Cultura - Av. Paulista, 2073)
Quanto: Grátis (Teatro Eva Herz e Hebraica - Teatro Anne Frank), 1 kg de alimento não perecível (Centro de Cultura Judaica). R$ 8,00 (nos demais locais).

Mais informações, acesse o link abaixo:
site oficial


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Facebook hackeado

Estou passada... Ao dar uma olhada no meu perfil no Facebook, ao acaso, cliquei no meu perfil. Nem sei bem porquei dei um click ali, mas qual não foi minha surpresa ao deparar com o meu perfil todo alterado! E, pior. Meu perfil dizia que tenho interesse em mulheres e relacionamento sério!!!!

Vejam só: não tenho nenhum preconceito quanto à opção sexual de cada um. Tenho vários amigos gays, aliás me dou muito bem com eles, e cada qual faz o que quiser com sua sexualidade. Mas, convenhamos, o seu perfil num site de relacionamentos mostrar algo que é completamente contrário ao que você é é, no mínimo, inusitado, para não dizer constrangedor.

Não sei exatamente o que aconteceu, pois quando me inscrevi no Facebook coloquei informações apenas sobre a área profissional. Não gosto de dizer se tenho ou não interesse em encontros românticos ou casuais, ou se sou solteira, casada ou estou enrolada com alguém. Isso diz respeito somente a mim. E basta.

Estou na dúvida se o sistema do site automaticamente inseriu essas informações, já que não cliquei nada nessa área do perfil; ou se alguém conseguiu "descobrir" minha senha, entrou lá e mexeu nessas informações. Por via das dúvidas, alterei minha senha e fiz as alterações pertinentes.

Agora, está lá no site bem claro: interesse em HOMENS! Melhor colocar a informação BEM CLARA do que não colocar e ser vítima de mal-entendidos. Se foi o sistema que se auto-completou ou algum hacker entrou no meu perfil, posso dizer que fiquei chateada e achei tudo isso de um extremo mal-gosto.

Lembro que outro dia uma conhecida que não vejo há muitos anos (muitos anos mesmo!) deixou uma mensagem meio dubia. Algo assim: "Oi, lembra de mim? Você está uma gata, hein!?". Na hora achei meio estranho, respondi educadamente, afinal, isso não chega a ser uma cantada explícita, e passou. Mas, agora, captei o real sentido da mensagem.

Essas redes sociais são muito úteis e têm sua importância cada vez mais ampliada. Portanto, é sempre bom ficarmos espertos com as informações que deixamos aqui e acolá, com o que escrevemos ou deixamos de escrever, pois uma besteirinha pode te colocar numa baita saia justa.

Óbvio que não vou deixar de dormir por causa disso. Quem me conhece bem sabe qual é minha opção sexual e somente a essas pessoas tenho que dar satisfações. Se é que realmente tenho que dar satisfações a alguém...  Mas, fiquei meio passada. Afinal, as redes sociais são locais de exposição, como se estivéssemos em uma vitrine. Então, já que é para estar na vitrine, que as informações estejam corretas e adequadas.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

I Learned the Hard Way



Something told me inside
That your love was untrue
You said, girl it's all right
I would never hurt you
Just to be by your side
I would walk through the flames
Now it hurts me inside
Just to hear your name
Just to hear your name

I learned the hard way
That your love is fool
I learned the hard way, baby
To be your fool
I learned the hard way
I learned the hard way about you
Now I know about you

When I opened my eyes
It was all around me
Closed up, doubts and lies
And a hotel key
And then I answered your phone
I heard a gasp and a click
Was that wrong number wrong
Or was she after your love

Just to be by your side
I would walk through the flames
Now it hurts me inside
Just to hear your name

I learned the hard way
That your love is fool
I learned the hard way, baby
To be your fool
I learned the hard way
I learned the hard way about you
Now I know about you

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Escritor Fantasma


Tenho tido sorte nas escolhas dos filmes que assisto no cinema. O mais recente dessa lista é "O Escritor Fantasma". Dirigido por Roman Polanski, o filme é uma adaptação do romance "The Ghost", de Robert Harris, em que um ghost writer - escritor que é pago para escrever artigos e livros sem levar o seu nome nos créditos, interpretado por Ewan McGregor ("Cova Rasa"), é contratado para finalizar as memórias do ex-primeiro ministro britânico Adam Lang, vivido por Pierce Brosnan (ex-James Bond).

No entanto, é preciso mencionar um "detalhe": na mesma missão, houve um ghost writer que morreu misteriosamente e seu corpo foi encontrado na praia. A partir dessa informação, percebemos que estamos diante de um filme de suspense e mistério enredados por fatos políticos atuais. O ex-primeiro ministro fica isolado em uma ilha, nos EUA, em uma espécie de bunker de luxo e, para escrever suas memórias, o ghost writer tem que se hospedar no local para captar como o político vive o seu dia a dia e, obviamente, fazer as perguntas que conduzirão o texto do livro.

Além do fato do escritor precedente ter morrido, o personagem de Ewan McGregor - que não tem seu nome citado em todo o filme - tem que lidar com o fato de que o político é acusado de crimes de guerra por ter entregue supeitos de terrorismo à CIA para serem torturados.

A trilha sonora e o tom cinza da fotografia levam o público a entrar no mistério e querer descobrir o que está por trás de todo aquele isolamento em que vive o ex-primeiro ministro e sua esposa, interpretada por Olivia Williams ("OSexto Sentido"). No entanto, nada é  o que parece ser e fica quase impossível saber quem é o "mocinho" e quem é o "bandido".

A todo instante o filme me fez lembrar "A Ilha do Medo" (dirigido por Scorsese, com Di Caprio no papel principal) - cada um em seu estilo -  pela fotografia, constante clima de tensão e paranóia de perseguição presentes nos dois filmes. Também não posso deixar de citar a participação de Kim Cattrall, como secretária do ex-primeiro ministro. A atriz encontrou o tom certo para o personagem e mostra que tem recursos além do personagem de Samantha Jones, de "Sex and City".

"O Escritor Fantasma" prende o púbico até o final. Apresenta um momento ou outro com alguma falação sobre política (o que entedia um pouco), mas a trilha sonora e a atuação dos personagens atraem a atenção, deixando a politicagem em segundo plano. Pode-se dizer que o isolamento do primeiro ministro remete ao isolamento do próprio diretor, que vive na Suiça, de onde finalizou o filme, que foi rodado na Alemanha e na Inglaterra.

Condenação

A finalização do filme foi feita pelo cineasta franco-polonês enquanto cumpria prisão domiciliar em seu chalé na Suiça. Em novembro de 2009, ele foi detido no aeroporto do País por pendências com o governo americano: em 1978, ele foi condenado por abusar sexualmente de uma garota de 13 anos. Na época, ele assumiu a culpa, mas fugiu e refugiou-se na França, onde morou até o ano passado.

 Ao viajar para a Suiça para receber um prêmio no festival de cinema dessa cidade, foi detido novamente e teve que aguardar em prisão domiciliar o processo de extradição para os EUA.  Polanski permaneceu preso até meados de julho deste ano, quando as autoridades da Suíça anunciaram que não o extraditariam para os Estados Unidos. Após ser libertado, a primeira aparição pública do cineasta foi no Montreux Jazz Festival.

Glórias e tragédias

A vida de Roman Polanski é pontuada por glórias e tragédias. Ao mesmo tempo que é um dos cineastas mais respeitados das últimas décadas, com filmes como "O Pianista" e "O Bebê de Rosemary" em sua filmografia, ele foi vítima de terríveis tragédias familiares.

Nascido em 1933, em Paris, seus pais mudaram-se para a Polônia um pouco antes de estourar a Segunda Guerra Mundial. Por serem de origem judaica, foram mandados para campos de concentração nazistas. Antes de ser pego, o pai de Polanski pagou outra família para cuidar do filho. Sua mãe morreu no campo de Auschwitz, mas Polanski conseguiu reencontrar o pai depois da guerra.

Durante a guerra, Polanski ia ao cinema para se esconder dos oficiais nazistas. Polanski não se  importava de que a maioria das produções era de origem alemã e assistia a tudo que podia. Quando seu pai o mandou para a escola técnica na Polônia, ele já havia escolhido sua carreira e logo abandonou o curso para ingressar na Escola de Cinema Lodz.

Em 1969, outra tragédia aconteceria em sua vida. A atriz Sharon Tate, então sua esposa e grávida de oito meses, foi brutalmente assassinada por Charles Manson e um grupo de seguidores da seita Família Manson que invadiram sua casa em Beverly Hills.


O cineasta tem, realmente, uma história digna de filme.


"Cada filme que faço representa um afastamento para mim. Eu levo tanto tempo para produzir um filme, que quando começo o próximo, já sou um homem diferente." (Roman Polanski)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Tolices

Lembrando os anos 80....

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Almas à Venda


Olha só, aqui vai uma dica interessante de cinema: "Almas à Venda". Se você não gosta de saber muito sobre os filmes antes de assisti-los, não leia o texto abaixo!

(SPOILER) Da diretora estreante Sophie Barthes, à primeira vista, o título pode dar a impressão de que trata-se de um filme de terror. Mas, não é. É uma comédia com um humor nonsense. O título original, "Could Souls", passa melhor a ideia do filme, que conta a história de um ator, Paul Giamatti, em conflito e desesperado, pois não consegue encontrar o tom para personagem Tio Vania, da peça teatral "Tio Vania", de Anton Tchekhov. 

Tio Vania é complexo, cheio de dúvidas, depressão e insegurança. Dominado pelo  personagem e sem conseguir êxito durante os ensaios, Paul Giamatti,  interpretado por Paul Giamatti - metalinguagem óbvia, mas que demorei a perceber, pois só no final lembrei do ator em "Sideways" ("Entre Umas e Outras") - procura uma clínica que extrai a alma de pessoas angustiadas. Isso mesmo! No filme, a alma é tratada como um órgão como outro qualquer e que pode ser retirada do corpo e colocada em um refrigerador. O dono da alma vai buscá-la quando estiver se sentindo melhor e pronto para recolocá-la, ou reutilizá-la.

O filme lembra muito "Adaptação" - com Nicolas Cage e Meryl Streep, pela metalinguagem e dificuldades de um roteirista em adaptar um livro -, e "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", com Jim Carrey e Kate Winslate, pela vontade de extirpar memórias ruins e o arrependimento de tê-las suprimido. Apesar do humor, o filme não é leve, pois coloca a todo instante as angustias da sociedade atual, em que acredita-se que tudo está à venda, desde o amor e a liberdade até a tranquiliade aos finais de semana. Aliás, o fato do personagem principal atuar em uma peça como Tio Vania (pesada e complexa) já dá sinais de que não estamos diante de uma comédia romântica açucarada.

Mas, voltando ao filme. Apesar de não acreditar que a retirada da alma vá resolver o seu problema, Paul vai adiante e passa pelo experimento. Obviamente, tudo em sua vida vira de pernas para o ar. Sem alma, o personagem começa a se sentir entediado e passa a ter comportamentos muito estranhos. Sua atuação nos ensaios passa a ser patética e ele inventa um Tio Vania completamente alienado. Imagine: você querer dar um tom cômico para uma peça que é totalmente dramática?

Então, ele descobre que pode experimentar outra alma (!) e opta por uma que é supostamente a de um poeta russo, na tentativa de encontrar o tom para o seu personagem. Tudo está mais ou menos sob controle até Paul descobrir que sua alma foi parar na Rússia. A confusão está feita.

Vale a pena conferir, dar boas risadas com as trapalhadas desse ator em conflito e refletir sobre questões relevantes. O filme foi destaque de importantes festivais independentes nos EUA, como o Sundance.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sobre vacas, porcos e bolas...

Aproveitando a onda pós Copa do Mundo deste espaço, abaixo um texto de Rubem Alves que saiu na Folha de São Paulo durante o campeonato, mas só agora lembrei de inserí-lo aqui.

RUBEM ALVES


Sobre vacas, porcos e bolas...
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Não é raro que um jogo de futebol termine em tourada e que seja manifestação de espírito de porco
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EU HAVIA acabado de me mudar de Minas para o Rio de Janeiro, no ano de 1945. Caipira, desconhecia as regras de sociabilidade da capital. Foi então que um colega do curso de admissão chegou-se a mim sorrindo e, num gesto de amizade, me disse: "Eu sou Flu. E você?"

Fiquei abobalhado. Ele era "Flu". "Flu" deveria ser uma coisa muito importante, ao ponto de ele me confessar ser "Flu". Mas eu não sabia o que era "Flu". Diante do meu silêncio ele se dirigiu a um outro colega e lhe disse a mesma coisa. "Eu sou Flu", ele repetiu. "Eu sou Mengo", o outro respondeu. Iniciavam-se assim as relações sociais, não com a troca de cartões de visita, mas trocando nomes de times. Eu não tinha nome a dizer. Portanto não existia...

Contaram-me de um palmeirense roxo que odiava o Corinthians. Já velho, na cama, aguardava o apito do Grande Juiz que o expulsaria de campo. Chamou o filho e com voz trêmula lhe disse: "Estou morrendo. Quero que você faça a minha última vontade. Vá lá no Corinthians e inscreva-me como torcedor".

O filho achou que o velho já estava tendo alucinações. Argumentou. Mas o pai foi irredutível. O filho fez, então, a vontade do pai. Voltou com a carteirinha de torcedor do Corinthians. O velho, vendo o seu rosto na carteirinha, sorriu um sorriso angelical e disse: "Oh, a suprema alegria de ver mais um corintiano morrer..." Ditas essas palavras, entregou a alma.

Sou indiferente ao futebol, exceto quando o Brasil está jogando. Essa indiferença tem sido a causa de muitos embaraços, e cheguei mesmo a levar esse problema à minha psicanalista.

"Por que é que todo mundo se entusiasma com futebol e eu não me entusiasmo?" Ela me sugeriu que deveria haver algum trauma infantil não resolvido no início dessa perturbação. Sugeriu-me entregar-me às associações livres da mesma forma como os urubus se deixam levar pelo vento. Voei. E eis que, de repente, uma cena esquecida me apareceu.

Era um campo de futebol de roça, um pastinho. Dois times estavam jogando. Meu irmão me levara até aquele lugar. Eu nada entendia do que estava acontecendo, com todos aqueles homens em calções correndo para chutar uma bola. Tudo ocorria sem maiores percalços quando, de repente, veio pela estrada de terra um cavaleiro conduzindo uma vaca.

A vaca, vendo aquele alvoroço, a bola que era chutada para lá e chutada para cá, resolveu entrar no jogo. Arremeteu contra a bola, de cabeça abaixada como os touros na arena.

Os jogadores e o juiz fugiram espavoridos. Muitos subiram em árvores. Eu, menino pequeno, não conseguiria subir numa. Meu irmão, para me salvar, arrastou-me para um chiqueiro cheio de porcos e colocou-me lá dentro.

A vaca, não contente em chifrar a bola, dispunha-se a chifrar tudo o que se movesse. Mas eu, dentro do chiqueiro, nada via, a não ser aqueles porcos peludos que grunhiam grunhidos que davam medo.

Minha analista, comovida com o meu relato, concluiu que minha indiferença ao futebol se devia a essa experiência em que o jogo aparece ligado a uma vaca desembestada e a porcos mal cheirosos.

Concordei. Minha primeira experiência com o futebol foi traumática: mistura de bola, vaca e porcos. E está certo: não é raro que uma partida termine em tourada e que seja manifestação de espírito de porco...