segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Uma Vitória Histórica

A vitória de Barack Obama é prova contundente de que o mundo tem jeito, sim. É impressionante o poder de persuasão que ele tem, levando às urnas eleitores que não são obrigados a votar, mas que votaram porque acreditam que ele será a resposta para a mudança que tanto esperam. As manifestações de apoio a Obama vindas de diversos países, após o anúncio de sua vitória, deixa espaço para o sonho e a esperança.

A eleição de Obama carrega em si a vitória das minorias em um país marcado pela segregação racial. Há 20 anos, ou até mesmo 10 anos, seria impossível imaginar que um negro, ou melhor, um afro-americano, poderia sequer almejar chegar tão longe. Mas, ele o fez e conseguiu.

Até 50 anos atrás, os afro-americanos eram segregados por lei nos Estados Unidos. A segregação racial nos EUA começou a ser legalizada em alguns estados, logo depois da abolição da escravidão, em 1865, e com o fim da Guerra Civil Americana. Não é necessário nem citar a Ku Klux Klan, que lutava pela supremacia branca no país. Algo realmente vergonhoso.

Alguns casos isolados de luta pela igualdade podem ser lembrados, como o da costureira Rosa Parks que, ao viajar em um ônibus no Alabama, recusou-se a ceder seu lugar a um branco. Isso aconteceu em 1955 e, nessa época, ainda valia a separação de brancos e negros nos assentos dos ônibus. Rosa Parks foi presa e o caso ganhou tanta repercussão que a corte do Alabama declarou inconstitucional a segregação racial nos meios de transporte.

Lembremos também de Martin Luther King que lutou pela igualdade até ser morto, em 1968. Nos anos 60, Malcom X e os Panteras Negras também lutaram pela defesa dos direitos negros, apesar de nem sempre usarem os métodos da não-violência, como pregava Martin Luther King.

Mas, a vitória de Obama representa algo bem maior do que “apenas” a vitória de uma minoria. É a resposta da democracia e, como o próprio Obama disse em seu discurso, é a “resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor das escolas e igrejas em um número como esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença”. Realmente, sou obrigada a dar a mão à palmatória e reconhecer que, sim, “os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível”.

Além disso, Barack Obama é a globalização em pessoa. Filho de pai negro - natural do Quênia, e mãe branca, de Wichita, no Estado do Kansas, Barack nasceu em Honolulu, no Havaí, em 1961. Após dois anos, os pais se separaram e Obama foi morar na Indonésia, época em que a mãe casou-se com um indonésio. Mais tarde, foi morar no Havaí, com os avós maternos. Para finalizar o caldeirão de diversidade, ele cursou direito em Harvard (!).

Se para muitos, toda essa história de separações, idas e vindas, seria pretexto para ir parar em um divã, para Obama a miscigenação e o conhecimento de culturas tão distintas lhe deu condições de criar uma personalidade forte, carismática e, acima de tudo, ele teve a oportunidade de visualizar e sentir mundos tão diferentes. Percebemos isso em seus discursos inflamados, mas com uma lógica de raciocínio indiscutível.

É claro que ele terá pela frente uma tarefa árdua. Ele não é um Salvador da Pátria, como muitos o estão querendo rotular. Ele acenou com uma mudança possível e muitos acreditaram nele. Ponto final. Deixemos de lado o marketing político e a retórica para apreciar o homem que acreditou que chegaria lá e conseguiu.


Nenhum comentário: