segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cadê os bebês?

"Juliana, cadê os bebês?" - foi a primeira pergunta que ouvi ao encontrar alguns amigos que não via há muito tempo. Respondi que não tenho filhos e não me casei. Ou melhor, ainda não me casei e ainda não tenho filhos. Óbvio que, em se tratando da questão dos filhos, o tempo é escasso e já estou quase indo para a prorrogação do segundo tempo, mas para a questão do casamento ainda dá tempo.

Quer dizer, também tenho cá minhas dúvidas se ainda me resta algum  tempo também neste sentido, pois o cenário que vejo por aí não é dos mais animadores. E, posso garantir que não é por falta de tentar. Acho até que tento demais, vou atrás demais, abro demais as portas da minha vida para que um amor entre. Mas, o amor não entra. O que vem são alguns sapos fingindo se passar por rapazes legais, por homens sensatos, inteligentes e maduros. No entanto, nada como alguns meses, ou até semanas, para a verdadeira personalidade vir à tona.

Até já comentei em  algum post sobre a questão dos roteiros de Almodóvar em minha vida. É que, às vezes, tenho a nítida impressão de que sou personagem de algum roteiro do cineasta. Havia um tempo que saia para papear com uma amiga, que também é jornalista, e vivíamos trocando figurinhas sobre nossas vidas sentimentais e amorosas e sempre terminávamos dizendo que fazíamos parte de algum roteiro de Almodóvar. Não que me orgulhe disso, mas é que é melhor rir para não chorar. Melhor fazer algumas piadas sobre a questão do que ficar se lamentando.

Em um aniversário de outra amiga, algumas outras moças, solteiras como eu, e também uma ou duas que são separadas, rimos até altas horas comentando dos tipos que aparecem em nossas vidas. E, chegamos à conclusão de que não, não somos exigentes. Afinal, porteiros, taxistas, manobristas, zeladores de prédio, entregadores de pizza e o vizinho safado que tem uma namorada no interior são muito solícitos e interessados, mas estão definitivamente descartados de nossos alvos. Sem desmerecer todos esses profissionais e o vizinho em questão, que aliás é um gato. Mas, convenhamos, quanto tempo de assunto teremos com uma pessoa que passa o tempo avaliando as vagas de carro do prédio ou que abre e fecha o portão para os moradores?

É, realmente, não somos tão exigentes assim. Afinal, nossas listas de homens ideais vêm mudando com o passar dos anos, lógico. Quando eu abriria uma chance para um quarentão, um grisalho, um calvo, etc...? Há alguns anos, com certeza, não. Mas, com o passar do tempo, vamos reavaliando nossas listas de homens ideais e o leque vai se abrindo. Mas, também não vamos exagerar nessas exceções. O cara tem que ser, pelo menos, cavalheiro, inteligente e fazer rir.

Durante esse encontro com seres da mesma espécie que a minha - sim, porque no outro encontro, aquele que me perguntaram dos bebês, me senti um ET, uma espécie que ainda precisa ser estudada e analisada, uma das moças comentou como sua vida se assemelha com alguns episódios do "Sex and the City", com muitos amigos gays e muitos rolos com caras imaturos. Bom, eu já não sinto que a minha história seja assim, tão rica em roupas de griffe e homens diferentes a cada fim de semana, mas a dificuldade de encontrar alguém legal é a mesma.

Depois de várias risadas, uma delas, casada (!), disse: "Olha, conheço vários homens que reclamam da mesma coisa que vocês. Que não encontram nenhuma mulher que queira algo certo, que todas só querem se divertir..." Olha, eu não sei onde esses homens estão e se eles realmente estão querendo "algo certo", como disse essa minha amiga.

O que eu sei é que cansei de abrir as portas da minha casa e da minha vida para esses sapos. Chega de sapos. Chega de malas-sem-alça. Chega de caras malucos. Chega de trintões que acabaram um relacionamento super sério e, agora, fingem que querem alguma coisa "séria", mas ainda não esqueceram a ex-namorada, ex-esposa. Chega de casos com ex-namorados. Chega de quarentões mal-resolvidos e neuróticos. Chega de estrangeiros. Chega de amores platônicos. Cheeeeega!

Se for para aparecer só isso na minha vida... chega mesmo! Cansei de tentar e só me aborrecer, me chatear, ficar triste, chorar, etc, etc, etc.... Melhor ficar só. E, olha, tenho certeza que  esses caras são assim mesmo, uns doidos que não querem se amarrar com ninguém. Eu posso ter meus problemas e não ser a pessoa mais fácil do mundo. Mas, convenhamos, quando o outro não se esforça para que o relacionamento dê certo, enquanto a outra parte (no caso eu) está ali, sempre se esforçando, o problema realmente está no outro. E, se o problema for exatamente esse, o excesso de esforço que eu faço.... Entao, a decisão mais acertada é essa mesma. Dar um basta!

E, quem sabe, em um próximo encontro, quando ouvir essa pergunta: "Cadê os bebês, Juliana?". Vou responder: "Estão no laboratório!". É.... porque talvez seja lá mesmo que eu vá encontrar meus filhos....

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