sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Abraços Partidos" - finalmente neste blog



Prometi postar algo sobre o filme "Abraços Partidos", de Pedro Almodóvar, mas somente hoje chegou a inspiração para terminar de escrever o texto que comecei no finzinho do ano passado. Então, vamos lá. O filme é uma grande homenagem ao cinema e repleto de metalinguagem, com histórias dentro de histórias, filmes dentro do filme e a câmera apaixonada pela beleza de Penélope Curz. Aliás, gostaria de saber quantas vezes ela passou na fila da beleza antes de vir ao mundo...

Além de várias referências à Sétima Arte e a diretores como Roberto Rosselini e Alfred Hitchcock, "Abraços Partidos" faz alusão ao próprio Almodóvar em "Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos" (1987) com cenas de "Chicas e Maletas", o filme dentro do filme a que me referi anteriormente. A própria Penélope Cruz se reinventa, ora aparentando ser uma garota frágil, ora esbanjando sensualidade. As cenas em que ela experimenta o figurino para compor a personagem de "Chicas e Maletas", em que aparece como Audrey Hepburn e depois como Marilyn Monroe, são memoráveis.

Almodôvar impressiona ao jogar com verdade e aparência, ao trabalhar tão bem as cenas que o espectador não fica confuso com as idas e vindas no tempo, com cenas do filme, do filme dentro do filme e cenas de um documentário que corre paralelo às filmagens do filme. E, o mais interessante é que o personagem interpretado por Lluis Homar, o diretor que se apaixona por Lena (Penélope), fica cego após terminar as gravações de "Chicas e Maletas". Como um cineasta pode continuar trabalhando com cinema após sofrer um acidente que lhe deixa cego? Almodóvar sabe como contar essa história.

O filme é genial e representa a maturidade do cineasta que, com destreza, sabe amarrar várias histórias sem perder o fio condutor: a história da secretária que vira amante de um magnata e que apaixona-se por um diretor de cinema e é lapidada para brilhar apenas uma vez; a história do diretor de cinema que sofre um acidente e fica cego; a história do jovem obcecado por imagens que, com a desculpa de fazer um making of, documenta o amor ilícito entre diretor e atriz; e a história do magnata obcecado pela amante.


A edição do filme é maravilhosa e essencial para que a gente não se perca dentro de tantos enredos. Ora estamos em 2008, ora em 1992, ora no filme "Chicas e Maletas", ora no documentário do rapaz aficcionado por imagens. A cena da escada, aliás, na minha humilde opinião, já foi alçada às cenas antológicas.

Missão cumprida, reforço que o filme é ótimo e vale a pena ser assistido. Ainda faltam os posts de alguns outros filmes que assisti durante as férias e ainda nem comecei a fazer um rascunho mental, como, "Cerejeiras em Flor, "Amor sem Escalas" e "Avatar", este último até dispensa comentários de tanto que se falou sobre ele.  Mas, quero deixar registrado que, apesar da grandiosa experiência de efeitos especiais e de edição, achei o roteiro de "Avatar" bem fraquinho. E, ainda tem todos aqueles outros filmes indicados ao Oscar para assistir... Será que vai dar tempo?

Nenhum comentário: