segunda-feira, 8 de junho de 2009

Solidão em São Paulo

Em um edifício, num bairro da zona oeste de São Paulo, um senhor morre e ninguém sente sua falta... Isso poderia ser cena de algum seriado americano mas, não é. Aconteceu de verdade aqui em São Paulo.
O senhor em questão não era tão senhor assim. Tinha por volta de 55 anos e mudou-se para o edifício há 10 anos, após se separar da esposa. Engenheiro, trabalhava em uma obra em alguma cidade do interior. Mas, depois que a construção acabou, o trabalho também acabou e ele ficou desempregado.
Pessoa solitária, começou a beber. A filha, quando ia ao edifício, colocava algum dinheiro embaixo de sua porta. Não falava com o pai e deixava algo em torno de R$50. Que ele gastava em bebida e cigarros. Passava dias sem aparecer no hall do prédio e, quando descia, era para ir ao bar comprar alguns litros de Caninha e maços de cigarro. Comia? Sim, todos têm que se alimentar. Ele comia sanduíches.
Morreu sozinho, sem nenhum tipo de assistência. E, ninguém sentiu sua falta. Após 8 dias, quando foram trocar o interfone de seu apartamento, bateram. Ninguém abriu. Como ele escutava pouco, costumava deixar a porta sem trancar. Então, o síndico resolveu entrar, com os dois funcionários da empresa de interfones.
Um cheiro azedo percorreu suas narinas... "Puxa, deve ter alguma comida estragada por aqui", comentou um deles. Após entrar em vários cômodos, no último, como nos seriados de TV, encontraram o corpo. Que estava ali há dias. Que já estava em estado de putrefação.
Por causa do frio, os vizinhos não sentiram o cheiro. Chamaram a polícia e levaram o corpo para autopsia. A causa-mortis não foi o alcoolismo, ou cirrose, como era de se esperar, mas sim um infarto fulminante. O coração não aguentou tanta solidão.

Nenhum comentário: