quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A dura realidade das ruas

Às terças-feiras sou obrigada a deixar o carro na garagem, pois é meu rodízio. Nesses dias, portanto, tenho um contato maior com a realidade das ruas, já que o carro é um meio de transporte que nos protege de um contato mais próximo com desconhecidos.
Ontem, ao voltar para casa, saindo do metrô, um menino de rua me chamou: "Tia!". Eu já ia metendo a mão no bolso para dar um dinheiro para ele. Mas, ele disse: "Não quero dinheiro, tia. Quero te pedir outra coisa". "O quê?", perguntei. "Queria que você comprasse um pacote de fraldas para meu irmãozinho... É número G."
Fiquei olhando para ele e disse que "tudo bem". Então, ele perguntou se eu queria a moeda de R$ 0,10 que ele tinha no meio dos dedos imundos. Disse que não precisava.
A imagem daquele menino, todo sujo, com as roupas rasgadas, o cabelo ensebado e os pés no chão numa noite fria e chuvosa foi de partir o coração. Fiquei imaginando como estaria o bebê que iria usar aquelas fraldas. Se estava com frio, se tinha água quente para o banho, se estava sendo bem alimentado, se a mãe o ninava antes de dormir...
Pior que isso tudo foi o sentimento de culpa. O meu cachorro Frederico, com certeza, é mais bem cuidado do que o bebê que agora está usando aquelas fraldas. Aliás, o Frederico, e muitos outros cachorrinhos, e gatinhos também, têm um tratamento melhor do que muitas crianças neste País.
É uma vergonha. E, infelizmente, não é um pacote de fraldas que vai mudar a vida daquela família.
foto: normandus303.wordpress.com

Um comentário:

Mr. P. disse...

Ju!
adorei o post!
E tb o do à Deriva. Legal q vc sacou o filme no dia seguinte, ele é mui bom, mes....
Dá uma checada no trabalho da
Casa do Zezinho, quem sabe pode ser um próximo post...

baci!

A